Imagine ter aprendido a
tocar bateria com o seu pai, John Bonham, e ter convivido na infância e na
adolescência com “tios” como Jimmy Page, John Paul Jones, Robert Plant e Peter
Grant. Jason Bonham foi esse garoto.
Deve ser considerado
que na sua perspectiva, Bonzo era o “dad” que vivia com a família numa fazenda
na Inglaterra e, durante alguns meses, viajava para trabalhar com a sua banda.
Isso quer dizer que Jason (e nem o resto da família) fazia ideia do que
efetivamente acontecia nos bastidores dos shows do Led Zeppelin, quando Bonzo
transformava-se em “The Beast” (por causa dos excessos com bebidas, drogas,
mulheres e brigas).
Jason conhece os
piratas do grupo e o que eles tocaram em quase todos os shows. Ele é meio uma
enciclopédia do Led Zeppelin. Nem podia ser diferente. Aqui está o seu dilema. Ele
nunca se libertará da “figura paterna”. Talvez nem queira.
Após algumas
experiências depois do fim do Led Zeppelin (inclusive ter criado um grupo com
Paul Rodgers, The Firm), Jimmy Page gravou o seu disco solo “Outrider” e saiu
em uma “tour” pelos Estados Unidos. Robert Plant cantou em uma faixa do álbum.
Page havia participado também dos discos solos do Plant, que naquela época
(1988) começava a se livrar do trauma do passado e começava a cantar músicas do
Zeppelin em seus shows. O baterista do projeto do Jimmy Page era o Jason
Bonham.
Se for comparar, é
completamente diferente a atuação de Jason nos shows de “Outrider” e sua performance no
evento do O2 Arena em 2007. Fica claro que ele era o músico ideal para tocar em
qualquer show que se usasse o nome “Led Zeppelin”. Ele sabe tudo sobre a banda
e é um ótimo baterista. Entretanto, quando ele faz um solo de bateria dele
mesmo no show de “Outrider”, em termos de criatividade, o que se vê ali seria
muita limitação e nem de longe poderia ser comparado com as inovações do pai
(principalmente ao vivo) em “Moby Dick”.
Jason nunca será John
Bonham. Robert Plant, de certa forma, explicou isso a ele quando definiu o que
era o Led Zeppelin. Não precisava. Provavelmente Jason (contrariando a teoria
freudiana) nunca tenha acreditado, de fato, que poderia substituir o pai.