sexta-feira, 14 de novembro de 2014

THE ROLLING STONES: MÚSICA & POSE

É verdade que Keith Richards traiu Brian Jones e conspirou com Mick Jagger para os dois assumirem a liderança dos Rolling Stones.
É certo também que Keith Richards “roubou” a namorada de Brian Jones, Anita Pallenberg.
Aliás. ele gosta de lembrar esses fatos para reforçar a sua imagem de “bad boy”. Para completar, nas entrevistas, o guitarrista dos Stones gosta de dar apelidos femininos ao vocalista da banda e adora afirmar que Jagger seria “a sua esposa”.
As poses e os discursos de Keith Richards, porém, não possuem uma base completamente verdadeira.
Houve uma época em que os dois parceiros (e amigos desde a adolescência), Jagger e Richards, namoravam, respectivamente, as belas Marianne Faithfull e Anita Pallenberg. [ver foto]
O que parecia perfeito, obviamente, ficava só na aparência.
A produção do filme “Performance” serviu para desmistificar toda a pose de Keith Richards:
“Mick foi além dos limites. Dia após dia, enquanto Keith ficava de cara amarrada esperando em seu Roll-Royce estacionado em frente da casa de Lowndes Square, em Londres, onde ‘Perfomance’ era filmado no segundo semestre de 1968, Mick mantinha um caso tórrido com Anita – a melhor amiga de Marianne Faithfull, namorada de Mick na época.” (Robert Greenfield, Memória do Exílio, Rolling Stone, Março 2007, p. 70)
Por outro lado, Mick Jagger (apesar das várias esposas, filhos, netos e bisnetos) viu a sua masculinidade ser colocada em debate quando a ex-esposa de David Bowie afirmou que pegou os dois ícones do rock na cama. De acordo com Christopher Andersen (autor do livro “Mick: The Wild Life and Mad Genius of Jagger”):
“Em outubro de 1973, David Bowie e sua esposa Angie estavam vivendo em Oakley Street, a poucos passos do Cheyne Walk. Ela tinha saído da cidade por alguns dias e quando ela voltou para casa em uma manhã, foi direto para a cozinha para fazer um chá. (...) A empregada, que havia chegado uma hora antes, aproximou-se da dona da casa com um olhar peculiar em seu rosto e afirmou: ‘Alguém está na sua cama.’ (...) Angie então subiu para o seu quarto e lentamente abriu a porta. Lá estavam eles: Mick Jagger e David Bowie, nus na cama, dormindo. Ambos acordaram. ‘Oh, Olá’, disse Bowie, claramente pego de surpresa, ‘Como você está?’ (…) ‘Eu estou bem,’ Angie respondeu, perguntando em seguida: ‘você quer um café?’.”*
Após décadas de casos, traições e conspirações, o que restou, no final, foi o que realmente importava: a obra produzida pelos músicos. Os indivíduos tornam-se adultos em ambientes repletos de intrigas. Isso não acontece só no cenário do rock. Contudo, na vida cotidiana, nem todos chegam ao final da jornada com uma relevante contribuição artística para a sociedade.
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(*)http://www.dailymail.co.uk/
“By October 1973, the Bowies were living on Oakley Street, just a stroll from Cheyne Walk. Angie had been out of town for a few days when she returned home one morning and went straight to the kitchen to make some tea. (…) The Bowies’ maid, who had arrived about an hour earlier, approached the lady of the house with a peculiar look on her face. ‘Someone,’ she told Angie, ‘is in your bed.’ (…) Angie went upstairs to her bedroom, slowly pushed the door open, and there they were: Mick Jagger and David Bowie, naked in bed together, sleeping. Both men woke up with a start. ‘Oh, hello,’ said Bowie, clearly taken by surprise. ‘How are you?’ (…) ‘I’m fine,’ Angie replied. ‘Do you want some coffee?’”

MICOS DE MICK

Mito paga mico (ok, ficou péssimo... hehehe).
Uma vez, folheando o livro do Bill Wyman sobre os Rolling Stones, vi uma sequência de fotos interessantes: Mick Jagger, irritado com um fotógrafo, foi para cima do cara e se deu mal. As fotos revelavam Jagger sendo agredido até cair no chão.
O “ego” de Bill Wyman, baixista original dos Rolling Stones, era “compatível” com o de Mick Jagger. Keith Richards era claro sobre isso nas suas entrevistas.
Bill Wyman, portanto, jamais deixaria de ridicularizar o vocalista de sua banda no “seu” livro sobre os Stones.
Mick Jagger sabia da existência do livro de Bill Wyman, mas disse que nunca viu o livro - “Bill en sort un ce jours-ci, je l'ai même pas encore vu.” (The Rolling Stones, Rock & Folk, Janvier 2003, p. 70)
O outro “mico” de Jagger foi bem pior. Keith Richards contou a história:
“Eu tinha levado o Mick para sair e beber em Amsterdã. Voltamos lá pelas cinco horas da manhã. Ele foi ao meu quarto. Estava bêbado e viu que Charlie estava dormindo. Falou: ‘aquele ali é o meu baterista? Por que você não levanta a sua bunda e vem até aqui?’ Charlie se vestiu com um terno Savile Row, gravata, sapatos, fez a barba e desceu. Agarrou o Mick e ‘boom!’ E falou: ‘Nunca mais me chame de seu baterista novamente. Você é que é a porra do ‘meu’ vocalista.” (Playboy, October 1989, p. 115)*
Mick Jagger poderia ter ficado sem essa. Não houve pedidos de desculpas. Nada.
As coisas (pelo menos depois daquele momento) ficaram mais claras na banda.
© profelipe ™
(*) “I had taken Mick out for a drink in Amsterdam, so at five in the morning, he came back to my room. He’s drunk by now. Charlie was fast asleep. ‘Is that my drummer?’ Why don’t you get your arse down here?’ Charlie got dressed – in a Savile Row suit, tie, shoes – shaved, came down, grabbed him and went ‘boom!’ ‘Don’t ever call me your drummer again. You’re ‘my’ fucking singer.”

THE ROLLING STONES: INSPIRAÇÃO PARA CRIAR MÚSICA

A inspiração aparece. A obra vem em seguida. Genética? Excesso de trabalho? Como explicar?
Keith Richards, apesar da fama e de todas as belas melodias criadas para os Rolling Stones, possuía uma outra explicação: costumava dizer que ele seria só um “intermediário” que receberia as músicas de algum lugar. Em “Satisfaction”, por exemplo, ele dizia que a melodia teria surgido em um sonho. Quando acordou, claro, simplesmente fez a música. John Lennon, em sua última entrevista, apresentou outra teoria:
“[Os Rolling Stones] queiram uma música e nós fomos ver que tipo de coisa eles faziam. Paul tinha um trecho de uma música e nós a cantarolamos para eles. Eles disseram: ‘OK, é o nosso estilo”. Mas era realmente só um trecho, tanto que Paul e eu fomos para um canto da sala e completamos a canção, enquanto eles estavam lá, papeando. Voltamos para Mick e Keith, que disseram: ‘Meu Deus, vejam isto. Eles foram lá e já terminaram’. Demos a música para eles. Uma esmola. Isso mostra a importância que a gente atribuía a eles. Nós não lhes daríamos algo que fosse realmente estrondoso, não é? Era o primeiro disco dos Stones. De qualquer forma, Mick e Keith disseram: ‘Se eles podem fazer uma música assim tão facilmente, nós poderemos tentar.” (As 30 Melhores Entrevistas de Playboy, p. 310)
Ainda sobre a maneira de criar as músicas, no caso de Keith Richards, outro dado importante seria a inspiração associada ao consumo de drogas. Isso ficou claro na época da produção de uma obra prima “Exile On Main Street”:
“Dia após dia, Keith fica doidão e demora no banheiro do andar de cima – enquanto isso, Mick e o restante dos Rolling Stones ficam sentados, esperando. Mick não pode fazer nada para obrigar Keith a criar novas melodias para as quais possa compor as letras. Ele está totalmente na palma da mão de seu amigo mias antigo. Da mesma maneira, sem a ajuda de Mick, Keith não tem como terminar o álbum em que os Stones estão trabalhando. Sem o disco, os Stones não podem fazer turnê nos Estados Unidos. Sem o dinheiro que vão ganhar, não têm como sobreviver enquanto banda.” (Robert Greenfield, Memória do Exílio, Rolling Stone, Março 2007, p. 74)
Compor não era simples. Não era fácil também depender dos outros, ainda mais em um grupo de rock. No entanto, a dupla de criação dos Rolling Stones superaria a dos Beatles em termos de longevidade. Bem ou mal, depois de mais de 50 anos, Keith Richards e Mick Jagger ainda estão por aí, criando novas canções e fazendo shows juntos.

Sting & “Bring On The Night”

Ontem, na Tabacaria, a Débora colocou e deixou tocar o álbum inteiro “Bring On The Night”. Fiquei bastante satisfeito, rsrs...
O Sting pode ser um idiota*, mas não dá para negar que o seu primeiro álbum solo é uma obra prima. Ele reuniu só músicos de primeira linha e criou uma banda fantástica com gente como: Branford Marsalis!!! ... Darryl Jones, Kenny Kirkland e Omar Hakim. [Darryl Jones (depois) ocuparia o lugar de Bill Wyman nos Rolling Stones.]
O Sting sabia que estava fazendo algo especial, tanto que ele fez um filme de todo o processo de criação e do desenvolvimento do projeto. O filme é ótimo e chama-se também “Bring On The Night”.
Tive o prazer de ganhar o álbum duplo (vinil) quando ele foi lançado. Foi um presente do meu melhor amigo na época. No entanto, num bar, na mesma noite, outro amigo pediu e emprestei o álbum... e nunca mais vi o meu presente.
Faz parte.
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Sobre o que escrevi antes – do Sting ser um idiota* -, explico agora. Conheci pessoas (em São Paulo) que tiveram acesso ao hotel na época do show dele, Bruce Springteen (parece ser um cara simples e legal) e outros músicos na cidade. Foi dito que (na época) a simpatia e todo o discurso ecológico do Sting eram estratégicos. O cara, no hotel, era insuportável do tipo “eu sou a estrela”. Em outra ocasião, também em São Paulo, ele deu um show e os “seus” músicos não se envolveram adequadamente no evento. Li num jornal, no período, que o Sting – como qualquer patrão – deu a maior bronca nos “seus subordinados” após o show. Aparentemente, em suma, de anjo, claro, parece que o ex vocalista do The Police só tem a cara.

SOLOS & THE ROLLING STONES

Escrever sobre os Rolling Stones é difícil. Afinal, eles ainda estão por aí, com mais de 70 anos, lançando álbuns e fazendo shows. Se alguém deseja saber algo, bastaria perguntar diretamente para os músicos.
Existem inúmeros livros e artigos sobre o grupo, sem falar das entrevistas, filmes, CD-ROMs e muitos outros tipos de fontes.
Portanto, não é uma tarefa fácil escrever algo novo ou apresentar uma análise interessante sobre a banda.
Mesmo assim, não custa tentar.
Quando vou beber e fumar no meu lugar favorito atualmente – a Tabacaria Be Happy-, levo um livro de bolso do Hervé Guilhemont (Rolling Stones, Paris: Editions Prelude e Fugue, 1997).
Não é uma obra prima, mas é um autor francês analisando um grupo de rock inglês.
Gosto de ler em francês, gosto da praticidade do livro de bolso, então, nada mais indicado para uma tabacaria.
Interessei-me mais pela década de 1980 porque foi quando Mick Jagger começou a lançar os seus discos solos (contra a vontade de Keith Richards).
O vocalista dos Rolling Stones acreditava, na época, que poderia sobreviver sem a banda na medida em que ele era a principal estrela do grupo. Isso é comum em grupos de rock. No caso da banda inglesa, havia o outro lado – com uma personalidade forte e o verdadeiro responsável pela música dos Stones – Mr. Keith Richards.
Foi uma batalha entre os dois. O auge talvez tenha sido 1985, ano do Live Aid, quando até os músicos do Led Zeppelin se reuniram para o evento mas os Rolling Stones não se apresentaram juntos no festival. Mick Jagger preferiu cantar com a Tina Turner enquanto Keith Richards e Ron Wood subiam ao palco (visivelmente embriagados) com Bob Dylan.
É dessa época um dos melhores discos do grupo: “Dirty Work”. Keith Richards concebeu e fez o disco praticamente sozinho, sem o envolvimento dos outros membros da banda. A capa do álbum fala por si.
Para obter o resultado final em “Dirty Work”, Richards contou com a ajuda de amigos como Jimmy Page, Tom Waits, Jimmy Cliff, entre outros.
Aliás, Jimmy Page havia participado de outros alguns dos Rolling Stones, quando trabalhava como músico de estúdio. Além da amizade, havia algo em comum entre o guitarrista do Led Zeppelin e Keith Richards: o lado “selvagem” das excursões e dos shows, com o excesso de bebidas, drogas e groupies. Charlie Watts confirmaria tal hipótese quando foi questionado sobre a fama de “bad boys” dos Rolling Stones:
“Somos comportados, na verdade, quando somos comparados com outros grupos – basta você ouvir as histórias -, os músicos do Led Zeppelin eram muito piores do que nós.” (Musik, July 2000, p. 176)
Jimmy Page não foi tão longe no uso da heroína como Keith Richards. Nem o guitarrista dos Stones viveu tanto o cenário das groupies como Jimmy Page. No entanto, os dois souberam aproveitar bastante os anos 1970.

DEPECHE MODE NA ALEMANHA

A “Touring The Angel” do Depeche Mode não viria ao Brasil. Decidimos (então) ver o show na Europa. A melhor data seria no dia 26 de janeiro de 2006 em Frankfurt. Já tínhamos ido na Alemanha duas vezes e sabíamos que neste período, além do frio, havia neve.
Descobrimos, no hotel em Frankfurt, que os ingressos estavam esgotados. Havia mais de três meses (fomos informados). Fomos lá por causa do show e, assim, teríamos que dar um jeito.
No táxi, indo para Festhalle, conversando com o motorista, fomos avisados que era um pouco perigoso (e pouco comum) negociar com cambistas na Alemanha.
Fomos assim mesmo e na bilheteria a funcionária disse o que sabíamos: não havia ingressos. Não resolveu falar que saímos do Brasil só para ver o show em Frankfurt.
Começava a nevar. As pessoas, com ingressos, entravam em Festhalle. Havia uma faixa enorme avisando do perigo de comprar ingressos dos cambistas. Contudo, não havia outra alternativa. Sob neve e numa mistura de alemão e inglês, houve a tal negociação ali mesmo, na porta da casa de shows. O preço original era 59,50 euros. Não houve conversa. Queríamos dois ingressos e o total saiu por 300 euros.
O problema persistia por causa das várias recomendações quanto aos cambistas. Se os ingressos fossem falsos, num país estrangeiro, além de sermos barrados, não sabíamos se existiriam outras penalidades.
No final, deu certo. Entramos. Ficamos na pista (perto do palco). O show foi ótimo.
Não imaginava, pelo estilo de música da banda, que haveria tantos homens (heterossexuais) no show. Pensava que seria um público mais ao estilo do Pet Shop Boys ou do Erasure (shows que vi aqui no Brasil). Estava enganado. Pelo que percebi, grupos como Depeche Mode, The Cure e The Sisters of Mercy são muito respeitados na Alemanha.
O show não foi tão bom como o que vi do U2 em Paris em 2001 (“Elevation Tour” que também não passou pelo Brasil), mas foi divertido. Foi uma boa experiência.

Jimmy Page com Jeff Koons

A entrevista do Jimmy Page com Jeff Koons (para 92 Y Plus) durou uma hora, 18 minutos e 57 minutos. O tema era o livro de fotos do guitarrista do Led Zeppelin.
O longo tempo deu bastante liberdade ao Jimmy Page para contar detalhes sobre várias fotos, explicando o contexto de cada época e o processo de criação de sua música.
É interessante que ele inicia os comentários (claro) falando do seu interesse pela guitarra desde criança e em seguida comenta as fotos
da formação do primeiro grupo,
da fase de músico de estúdio,
do convite de Jeff Beck para ele tocar no Yardbirds,
da fase do Led Zeppelin,
da importância de Jason Bonham na excursão de 1988 e no show de 2007 no O2 Arena,
do projeto da MTV com Robert Plant,
do projeto que ele fez com The Black Crowes,
da performance com Leona Lewis no final das olimpíadas na China e
do documentário The Might Get Louder.
No final, vieram as perguntas do público e a questão mais importante foi sobre os projetos para 2015.
Jimmy Page disse que pretende continuar com os atuais trabalhos de edição do material do Led Zeppelin e pretende ainda dar continuidade ao projeto “Celebration Day”, o que significa, na prática, que ele efetivamente deseja voltar a tocar ao vivo no próximo ano a partir de um projeto secreto que só ele sabe.
Foi uma longa e bela entrevista.

LED ZEPPELIN: UM POUCO DE HISTÓRIA*

(*) Este texto foi publicado anteriormente (com outro título).

O Led Zeppelin foi formado por dois experientes músicos de estúdio - Jimmy Page e John Paul Jones - e dois jovens desconhecidos - Robert Plant e John Bonham), sendo que um revolucionaria o jeito de tocar bateria e definiria, de certa maneira, o caminho que o grupo iria tomar (inicialmente, Page havia pensado em formar um grupo mais acústico, "folk").
O mais inexpressivo no começo da banda era o vocalista Plant - tão inexpressivo, que, na época, o assistente do empresário do Led Zeppelin, Richard Cole (sim, aquele indivíduo de bigode que leva uma bronca enorme de Peter Grant no filme "The Song Remais The Same") mandou o vocalista comprar sanduíches para o pessoal do grupo (ver o livro "Hammer of Gods"). Claro que logo essa situação mudaria e Robert Plant seria um dos destaques do Zeppelin e um dos ícones do rock.
Depois do fim da banda, Plant gostava, algumas vezes, de fazer trocadilhos ou falar mal do Led Zeppelin. Talvez ele nunca tenha esquecido a humilhação de Richard Cole... Quando fez o seu primeiro disco solo, "Pictures of Eleven", ele o mostrou para os ex-companheiros Page e Jones. Page aprovou. Jones fez críticas:
"Bem, ah, eu pensei que você poderia ter feito algo um pouquinho melhor, velho amigo." Ao que Plant respondeu: "bem, obrigado. E mais uma vez, eu sou apenas o cantor das músicas." (Guitar World, July 1986, p. 64)
Robert Plant não esqueceria as críticas de John Paul Jones. Quando resolveu fazer o "unpplugged" da MTV com Jimmy Page e em seguida ambos gravariam dois álbuns e realizariam duas tours, Plant responderia ao baixista do Zeppelin. Sempre que era questionado por que Jones não havia sido convidado para participar do projeto, Plant respondia com alguma piada ou ironia, como "Jones ficou lá fora estacionando os carros..."
Quando Jimmy Page fez o projeto com David Coverdale, Robert Plant o criticou bastante, sobretudo afirmando que Coverdale o imitava e que se o que ele (Plant) fazia na época (do Zeppelin) já era ridículo, imagina o que sobraria para os plagiadores.
Robert Plant exagerava, claro, e não poupava nem a si mesmo. As ironias quanto à importância do Led Zeppelin devem vir do fato de que tudo na banda era criado e controlado por Jimmy Page. Não havia dúvidas de que se tratava do grupo de Jimmy Page. Plant era "apenas o cantor das músicas." Apesar de ter feito letras interessantes, como "That's the Way", "Going to California" e "The Rain Song", o vocalista era acusado de plágio. A sua justificativa seria que nem sempre dava para acompanhar a criatividade musical de Jimmy Page. Ou seja, o guitarrista chegava com a música e ele tinha que criar a letra. Nas palavras do próprio Robert Plant:
"O 'riff' do Page é o 'riff' do Page e pronto. Ele estava lá antes de qualquer coisa. Daí, eu pensava: 'bem, o que eu vou cantar?' Foi isso [com a letra de Whole Lotta Love], um plágio. Ainda bem que agora já foi pago. Na época, houve muita conversa sobre o que fazer. Foi decidido que a música estava tão além do seu tempo... Bem, você só é descoberto quando faz sucesso. Esse é o jogo." (Musician, June 1990, p. 47)
O reconhecimento do talento de Jimmy Page não era feito somente pelos companheiros de banda. Na época em que era músico de estúdio, Page participou de gravações de grupos como The Who e The Kinks. Keith Richards conheceu Page com a ajuda de Ian Stweart (o "sexto" stone) - aliás, Stu foi um dos poucos que participou de um disco oficial do Led Zeppelin. Jimmy Page participou de alguns discos dos Stones na década de 1960, assim como John Paul Jones. Depois do fim do Zeppelin, Richards chamou Page para ajudar no álbum "Dirty Work". Sobre a relação entre os dois, Richards lembrou uma história interessante:
"De fato, para 'Heart of Stone', Jimmy fez a demo original. Andrew [Loog Oldham, produtor] iria passar a música para outra pessoa. Assim, quando decidimos que 'nós' faríamos a música, eu copiei o solo de Jimmy (quase) nota por nota." (Guitar World, July 1986, p. 72)
Falar da história do rock é tratar de egos e de ironias. Talvez por isso seja praticamente impossível pensar numa análise freudiana no que diz respeitos os ícones deste estilo musical...