terça-feira, 27 de maio de 2014

THE POWER STATION & LED ZEPPELIN


Quando ainda fazia faculdade, eu era bem radical em termos de gostos musicais: adorava som pesado e odiava “pop music”. Isso foi até um amigo, na lanchonete da universidade, elogiar o Power Station. Ele também era fã do Led Zeppelin e eu disse que ele tinha ficado louco porque os músicos do Duran Duran representavam a metade do Power Station. Ele insistiu: “cara, eu sei, mas essa banda é boa e pesada.”
Resolvi ouvir e gostei e comecei a deixar o preconceito musical de lado. Publiquei um anúncio numa revista chamada “Som Três” e escrevi que queria ter contato com pessoas que gostassem de determinados grupos, entre eles o Power Station. Para a minha surpresa, recebi diversas cartas com fotos de garotas fãs do Duran Duran. Elas eram as duranies.
Adorei, claro, afinal, algumas eram muito bonitas. Na época, me encontrei com elas principalmente em São Paulo. Fique com algumas e até cheguei a namorar uma delas. Quando o Duran veio ao Brasil em 1988, eu já sabia tudo sobre a banda (fui ao show no Rio) e foi um momento especial para todos.
Em resumo, muitos não entendem como que alguém que é fanático pelo Led Zeppelin pode ouvir uma música tão simples e “pop” como a do Duran. No meu caso, esse foi um dos motivos.
Um detalhe: o baterista do Power Station chamava-se Tony Thompson. Quando os músicos do Led Zeppelin decidiram se reunir pela primeira vez após o fim do grupo (no projeto Live Aid em 1985) escolheram o Tony Thompson para ser o baterista. O Phil Collins participou também mas porque, por algum motivo, ele queria participar de vários shows do evento tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra. O cara mesmo era o Tony Thompson, tanto é verdade que os músicos do Led Zeppelin ensaiaram com ele para uma possível volta do grupo. O projeto foi interrompido após um acidente sofrido por Tony Thompson.

domingo, 25 de maio de 2014

PETER GRANT & BILL GRAHAM

Bill Graham foi promotor de shows de rock nas décadas de 1960 e 1970. Tinha fama de durão e de se impor nas negociações com os empresários dos grupos de rock, exceto, claro, com Peter Grant do Led Zeppelin.

Os dois se odiavam, mas eles tinham que negociar, afinal, o Zeppelin era a maior banda nos anos 1970 e Graham era o mais importante promotor de shows nos Estados Unidos no período.

Era meio previsível que, numa hora qualquer, um atrito entre os dois iria ocorrer. E aconteceu em 1977. De acordo Chris Welch:

“Foi durante essa turnê que o incidente ocorreu e que rendeu ao grupo má imprensa e um mal-estar dentro da indústria da música. Em 23 de julho em Oakland (Califórnia), Peter Grant, o homem que fazia a sua segurança - John Bindon -, John Bonham e Richard Cole se envolveram num briga séria com um empregado do Bill Graham. Eles foram acusados de agressão e liberados sob fiança.”
(The Story of Led Zeppelin. In.: HM Photo Book)

Simples?! Claro que não. Se Graham gostava de manter uma imagem de durão, Peter Grant, na prática, era esse homem, tanto que aparecem cenas dele dando broncas em várias pessoas no show do Madison Square Garden no filme “The Song Remains The Same”. Para defender os interesses do Led Zeppelin, Grant fazia de tudo, até interromper shows de outros grupos em festivais para não atrapalhar a hora de entrada de seus músicos.

Peter Grant era autoritário e violento. Não foi por acaso que quis ser retratado como um mafioso no filme oficial do Led Zeppelin. O seu braço direito – Richard Cole – era pior. Os dois mais o baterista John Bonham protagonizaram várias cenas de violências nos bastidores dos shows do grupo.

Quando ocorriam problemas com o Led Zeppelin (e eram muitos – drogas, orgias, envolvimento com garotas com menos de 18 anos, brigas e ataques violentos até contra jornalistas – que, por sinal, insistiam em falar mal do grupo -, magia negra, destruição de hotéis...), Peter Grant colocava os músicos em limousines e os encaminhavam direto para o avião particular da banda. O empresário ficava e resolvia – normalmente com muito dinheiro – o que precisava ser resolvido.

Jimmy Page tentava amenizar a fama do Led Zeppelin na década de 1970:

"Havia apenas a coisa com Bill Graham e houve só um caso de briga fora do palco. Mas eu não sei como aconteceu. Eu sei que essa coisa de vibração pesada cercou-nos, mas era mais em tom de gozação. De fato, você não poderia encontrar um homem mais gentil do que Peter Grant, mas as pessoas não compreendiam o estilo dele.” (
Chris Welch, The Story of Led Zeppelin. In.: HM Photo Book)

Certamente Grant era gentil e fazia tudo por seus músicos. Entretanto (e talvez exatamente por isso), isso não significava ser cordial com os outros fora do universo do Led Zeppelin. Quanto ao incidente relatado por Chris Welch e Jimmy Page, maiores detalhes aparecem no livro “Hammer of the Gods”:

“Durante dez anos, Peter Grant e Bill Graham acusavam um ao outro serem só blefes. Em 23 de julho, a noite do primeiro show de Oakland, houve finalmente um confronto entre eles. Tudo começou com o filho de Peter Grant, Warren, que estava acompanhando a turnê. Havia uma placa escrita à mão (dizendo) 'Led Zeppelin' na porta de um dos trailers, e o jovem Grant pediu a um dos seguranças de Bill Graham se ele poderia levar a placa. De acordo com Richard Cole, o segurança empurrou Warren para mantê-lo distante. Bonzo, fora do palco por um momento, viu, aproximou-se, amaldiçoou o segurança e o chutou algumas vezes antes de voltar ao palco. Em seguida, foi dito ao Peter Grant que alguém tinha machucado seu filho, e Grant e John Bindon levaram esse segurança para dentro de um trailer, enquanto Richard Cole vigiava tudo do lado de fora. A equipe de Graham veio em auxílio do colega e foi espancada por Cole quando tentou entrar no trailer. Quando a equipe de Graham finalmente entrou no trailer, havia sangue para todo o lado, sendo que o segurança havia sido vítima de uma prolongada e firme surra. Ele, então, foi levado para um hospital.” (Stephen Davis, Hammer of the Gods, p. 197)

O Led Zeppelin ainda tocou mais duas noites no mesmo lugar. Peter Grant obrigou Graham a assinar um documento tirando a responsabilidade da equipe do Led Zeppelin no espancamento do segurança. Na medida em que tal documento não tinha valor jurídico, Graham tentou processar os envolvidos. O resultado final saiu só no ano seguinte:

“Em fevereiro de 1978, por meio de seus advogados, John Bonham, Peter Grant, Richard Cole e John Bindon procuraram se defender das acusações decorrentes do episódio no Oakland Coliseum em julho do ano anterior. Todos os quatro foram considerados culpados e obrigados a pagar multas e as penas foram suspensas. Desde que os quatro não foram obrigados a comparecer no tribunal, as acusações contra eles, de fato, nunca foram ouvidas. Bill Graham ficou furioso porque, mais uma vez, o Led Zeppeln tinha se safado perante a lei.” (Stephen Davis, Hammer of the Gods, p. 200)

Na verdade, o que importa mesmo é que todo esse clima era típico dos anos 1970. Aliás, é por isso que o Led Zeppelin tornou-se símbolo da década. As tentativas de reunir o grupo não deram certo não só por causa da morte de John Bonham – que era “o motor da máquina” – mas também pela falta de Peter Grant.

Deve ser considerado ainda que os anos 1970 acabaram. O mundo mudou. O estilo de vida do Led Zeppelin não caberia mais nas décadas seguintes. E, muito importante, ficou a lenda com uma trilha sonora perfeita. Isso não é pouco no universo do rock n’ roll.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

GUITARRISTAS & VOCALISTAS


São raras as bandas que não dependem dos seus vocalistas. Quando foi lançada a edição especial de Exile On Main Street, Keith Richards achava que os Rolling Stones deveriam fazer uma tour para comemorar. Mick Jagger discordou. Não houve tour.
Jimmy Page, recentemente, após muito trabalho, lançou edições especiais dos três primeiros álbuns do Led Zeppelin. Ele também achava que o grupo deveria se reunir e fazer shows. Robert Plant, na prática, rejeitou a ideia. Page perdeu a paciência e disse numa entrevista ao The New York Times:
"Foi-me dito no ano passado que Robert Plant falou que não tinha nada para fazer em 2014, e o que os outros dois vocês achariam disto? Bem, ele sabe o que os outros caras pensam. Todos gostariam de fazer mais shows com a banda. Ele está apenas jogando jogos, e eu estou farto disso, para ser honesto com você. Eu não canto, então eu não posso fazer muita coisa. Tudo parece, portanto, muito improvável, não é? "*
É verdade. Dificilmente a tour acontecerá. Robert Plant tem seus motivos, alguns talvez nem sejam tão conscientes assim, como quando, para compreender os acidentes sofridos por sua família na década de 1970 (inclusive com a morte de seu filho Karac), disse que a má sorte do grupo na época seria culpa do envolvimento de Jimmy Page com a magia negra; ou ainda, quando era hostilizado pelos outros no início da banda, época que foi muito criticado pela imprensa dos Estados Unidos e que quase perdeu o emprego de vocalista do Led Zeppelin:
"Dos quatro membros do Led Zeppelin, Robert Plant foi o mais brutalmente criticado (...) Cole relembra: ‘Foi uma coisa muito real se Robert ficaria mesmo no grupo após a primeira turnê, porque ele não parecia atender a expectativa de Pagey. Na época, havia uma possibilidade de que ele não faria outra turnê. Essa era a verdade ". **
A situação foi invertida. A palavra final agora depende do Robert Plant (mesmo considerando que o Led Zeppelin foi sempre a banda do Jimmy Page).


(*)http://www.stereogum.com/1682190/jimmy-page-is-fed-up-with-robert-plants-refusal-to-play-led-zeppelin-concerts-meanwhile-theyre-finally-getting-sued-for-ripping-off-stairway/news/
“I was told last year that Robert Plant said he is doing nothing in 2014, and what do the other two guys think? Well, he knows what the other guys think. Everyone would love to play more concerts for the band. He’s just playing games, and I’m fed up with it, to be honest with you. I don’t sing, so I can’t do much about it. It just looks so unlikely, doesn’t it?”*

(**) Stephen Davis, Hammer of Gods, p. 64.
"Of the four members of Led Zeppelin, it was Robert Plant savagely critized. (...) Cole recalls: 'It was a very touch-and-go thing whether Robert would even be in the group after the first tour, because he didn't quite seem to make it up to Pagey's expectation. At the time, there was a possibility he woudn't do another tour. That was the truth."**

quarta-feira, 21 de maio de 2014

LED ZEPPELIN: SÍMBOLO DA DÉCADA DE 1970



Não existe dúvida quanto ao Led Zeppelin ser o símbolo da década de 1970. O grupo representava o oposto da geração “Paz & Amor” dos anos 1960.
Em sua trajetória, a banda esteve envolvida com violência (a maior parte envolvia o baterista John Bonham), sexo com as fãs (uma das namoradas do guitarrista Jimmy Page, na época, tinha só 13 anos de idade), misticismo (magia negra) e a condução dos negócios lembrava o autoritarismo da máfia (não foi por acaso, aliás, que foi dessa maneira que o empresário Peter Grant quis ser retratado no filme oficial “The Song Remains The Same”.
O filme “Laranja Mecânica” gerou bastante polêmica nos anos 1970. O motivo seria “o elogio” da ultraviolência do personagem principal, Alex, interpretado pelo ator Malcolm McDowell no filme do Stanley Kubrick. John Bonham se identificou tanto com o personagem que mandou fazer uma roupa idêntica a do filme e a usava nos shows do Led Zeppelin.
A identificação com o nazismo também chamava a atenção. Jimmy Page, em vários shows, fazia questão de se vestir como um oficial do “Reich”.
O nome do grupo, porém, em nada tinha a ver com essas problemáticas. Tratou-se de uma sugestão do baterista Keith Moon, que gostaria de formar um grupo que fosse, ao mesmo tempo, “pesado e capaz de voar”. O guitarrista desse grupo (imaginado por Moon) seria o Jimmy Page.
As letras das músicas do Led Zeppelin não apresentavam elogios à violência. Ao contrário, canções como “Going To California” ainda retratavam o período de “Paz & Amor”:
“Decidi fazer um novo começo,
Indo para a Califórnia com uma dor no meu coração.
Alguém me disse que há uma garota por lá
Com amor em seus olhos e flores em seu cabelo”
*
Já o misticismo aparecia constantemente nas letras do grupo (e mesmo nos símbolos dos músicos, nas fotos dos álbuns e no roteiro do filme “The Song Remains The Same”). Não seria possível dissociar o grupo dos boatos de magia negra, o que era reforçado por algumas letras ambíguas.
Talvez o livro que mais reforce o que foi Led Zeppelin na década de 1970 tenha sido “Hammer of Gods”. A fonte principal das informações foi Richard Cole, braço direito do empresário Peter Grant. Deve ter ocorrido exagero numa história ou em outra, mas, claro, mesmo isso só reforçaria o mito que foi criado em torno da banda e de sua trajetória os anos 1970.


(*) Tradução em : http://letras.mus.br/led-zeppelin/80017/traducao.html

terça-feira, 13 de maio de 2014

AS REUNIÕES DO LED ZEPPELIN



Todos sabem que a morte do baterista John Bonham decretou o fim do Led Zeppelin. Depois vieram as carreiras individuais e algumas tentativas de reunir o Zeppelin. Robert Plant, que sempre apareceu como o responsável pelo insucesso de tal empreitada, já disse que o problema não seria só com ele e que ele estaria disposto a fazer shows com a banda em 2014 (caso Jimmy Page e John Paul Jones aceitassem). Jones, porém, afirmou que não poderia porque estaria compondo uma ópera.
Essa história de não reunir o grupo, aparentemente, tem mais a ver com fatores externos à vontade dos próprios músicos. Em outras palavras, Page, Jones e Plant tentaram algumas vezes reunir o grupo para shows, mas sempre acontecia algo que impedia a realização do projeto.
Em 1985, houve a maior expectativa da reunião do grupo (que não usou o nome Led Zeppelin) no projeto Live Aid (os bateristas foram Phil Collins e Tony Thompson).
Com o sucesso do show, em 1986, Page, Jones, Plant e Tony Thompson ensaiaram algumas horas no Bath Studios com a intenção de reunir a banda. O projeto não deu certo na época por causa de um acidente de carro sofrido por Tony Thompson.
Em 1988, haveria uma reunião (com Jason Bonham) para a comemoração dos 40 anos da gravadora Atlantic. Em abril de 1990, eles tocaram juntos novamente no casamento de Jason Bonham. Em junho, Jimmy Page participou do show do Plant em Knebworth. Na época, Plant tentou reunir o grupo com o baterista Mike Bordin do Faith No More. No entanto, não deu certo mais uma vez porque o Page não ficou satisfeito com a performance de Bordin.
Em 1994, o Robert Plant veio ao Brasil pela primeira vez (eu vi o show no Morumbi em São Paulo). Aconteceu, neste ano, o projeto para MTV “No Quarter Unledded”, com Page e Plant. Os dois saíram para a “tour” e vieram para a América do Sul em 1996. Eu vi os shows em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Page e Plant gravaram mais um álbum, o “Walking To Clarksdale”. Não vieram ao Brasil, mas tocaram nos Estados Unidos e na Europa, mas as datas dos shows da Austrália e do Japão foram canceladas porque o Robert Plant disse que estaria cansado do projeto.
 Na revista inglesa Classic Rock (January 2001, p. 58), Jimmy Page afirmou:
“Robert disse que não quer cantar as canções do Led Zeppelin, mas eu adoro tocar a música do Zeppelin. Por mim, deveríamos estar por aí tocando as canções do grupo.”
Após a desistência do Plant, Jimmy Page reuniu com The Black Crowes para vários shows, o que resultou no álbum duplo Jimmy Page & The Black Crowes – Live At The Greek.
Em termos de reunião do Led Zeppelin, a história voltou em 2007 (usando o nome do grupo pela primeira vez), quando os músicos ensaiaram por semanas e tocaram um “set” completo que, posteriormente, foi lançado em CD e DVD, com grande sucesso. Na bateria, estava Jason Bonham.