quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Bob Dylan e o Led Zeppelin

Peter Grant não era um exemplo de homem educado. Ao contrário. Ele tinha fama de um gangster violento. Ele aparece assim no filme do Led Zeppelin. A sua relação com Jimmy Page, porém, vinha desde a época dos Yardbirds. Nada havia mudado (como lembra a jornalista Chris Welch):
“Na verdade, ele [Peter Grant] tinha um prazer diabólico ao oferecer proteção física aos seus jovens e vulneráveis músicos. Quando uns marinheiros começaram a zombar do Jeff Beck, com seu longo cabelo, e de Jimmy Page, durante uma viagem aos Estados Unidos, na época do Yardbirds, Peter entraria em ação. Ele lembraria mais tarde:
‘Nós três estávamos voando para Miami, me virei e ouviu esses caras. Um deles parecia ser durão, então levantei o sujeito pelo braço e disse:
- Ok, qual é o seu problema Popeye? E o outro correu na hora…’” (Chris Welch, Peter Grant: The Man Who Led Zeppelin)

Por outro lado, Peter Grant teria sido vítima de um fato inusitado:
“Depois de se apresentar ao Bob Dylan em uma festa de LA, Grant ofereceu um caloroso aperto de mão. ‘Eu sou Peter Grant, empresário do Led Zeppelin’, disse ele. Dylan respondeu: ‘Eu não te procuro com os meus problemas, certo?’”*
Bob Dylan era direto e não fazia questão de ser cordial com os outros. Entretanto, não dava para compreender tamanha indelicadeza e de forma tão gratuita.
Jimmy Page, em uma de suas entrevistas em 2014, deu um depoimento que poderia esclarecer a visão que Dylan tinha dele (e provavelmente do Led Zeppelin):
“Para ser realmente honesto, eu gostaria de ter trabalhado com Bob Dylan. Ainda há tempo, mas houve um período em que eu realmente gostaria de ter trabalhado com ele. Na época, ele tinha feito a sua conversão ao cristianismo e todos achavam que eu era o diabo encarnado. Talvez ele poderia pensar que essa não seria a melhor [ideia]. Ele pode ter imaginado que seria como misturar água e óleo, mas, na verdade, em termos musicais, eu teria sido muito bom para ele.”
Quando teve a sua aproximação com o cristianismo (na década de 1970), Bob Dylan teria escolhido o caminho oposto ao de Jimmy Page. O guitarrista do Led Zeppelin defendia o ocultismo e fazia muitas críticas à religião cristã. O seu grupo poderia como "um símbolo" do que ele pensava e isso aparecia nas imagens e nas letras apresentadas da banda.
Neste contexto, não havia possibilidade de uma parceria musical entre Bob Dylan e Jimmy Page (como ele afirmou no depoimento em 2014). A distância que Bob Dylan queria do Led Zeppelin, pelo visto, apareceu ainda no tratamento grosseiro dado ao empresário da banda.
Não existe cordialidade nas ações das pessoas envolvidas nesta história. Peter Grant foi vítima de uma grosseira de Bob Dylan, mas ele próprio se orgulhava da maneira hostil e violenta que utilizava no tratamento dos outros (no sentido de atender os interesses do Led Zeppelin).

(*) http://www.reddit.com/r/todayilearned/comments/rejzs/til_once_introducing_himself_to_bob_dylan_at_an/

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

THE ROLLING STONES: MÚSICA & POSE

É verdade que Keith Richards traiu Brian Jones e conspirou com Mick Jagger para os dois assumirem a liderança dos Rolling Stones.
É certo também que Keith Richards “roubou” a namorada de Brian Jones, Anita Pallenberg.
Aliás. ele gosta de lembrar esses fatos para reforçar a sua imagem de “bad boy”. Para completar, nas entrevistas, o guitarrista dos Stones gosta de dar apelidos femininos ao vocalista da banda e adora afirmar que Jagger seria “a sua esposa”.
As poses e os discursos de Keith Richards, porém, não possuem uma base completamente verdadeira.
Houve uma época em que os dois parceiros (e amigos desde a adolescência), Jagger e Richards, namoravam, respectivamente, as belas Marianne Faithfull e Anita Pallenberg. [ver foto]
O que parecia perfeito, obviamente, ficava só na aparência.
A produção do filme “Performance” serviu para desmistificar toda a pose de Keith Richards:
“Mick foi além dos limites. Dia após dia, enquanto Keith ficava de cara amarrada esperando em seu Roll-Royce estacionado em frente da casa de Lowndes Square, em Londres, onde ‘Perfomance’ era filmado no segundo semestre de 1968, Mick mantinha um caso tórrido com Anita – a melhor amiga de Marianne Faithfull, namorada de Mick na época.” (Robert Greenfield, Memória do Exílio, Rolling Stone, Março 2007, p. 70)
Por outro lado, Mick Jagger (apesar das várias esposas, filhos, netos e bisnetos) viu a sua masculinidade ser colocada em debate quando a ex-esposa de David Bowie afirmou que pegou os dois ícones do rock na cama. De acordo com Christopher Andersen (autor do livro “Mick: The Wild Life and Mad Genius of Jagger”):
“Em outubro de 1973, David Bowie e sua esposa Angie estavam vivendo em Oakley Street, a poucos passos do Cheyne Walk. Ela tinha saído da cidade por alguns dias e quando ela voltou para casa em uma manhã, foi direto para a cozinha para fazer um chá. (...) A empregada, que havia chegado uma hora antes, aproximou-se da dona da casa com um olhar peculiar em seu rosto e afirmou: ‘Alguém está na sua cama.’ (...) Angie então subiu para o seu quarto e lentamente abriu a porta. Lá estavam eles: Mick Jagger e David Bowie, nus na cama, dormindo. Ambos acordaram. ‘Oh, Olá’, disse Bowie, claramente pego de surpresa, ‘Como você está?’ (…) ‘Eu estou bem,’ Angie respondeu, perguntando em seguida: ‘você quer um café?’.”*
Após décadas de casos, traições e conspirações, o que restou, no final, foi o que realmente importava: a obra produzida pelos músicos. Os indivíduos tornam-se adultos em ambientes repletos de intrigas. Isso não acontece só no cenário do rock. Contudo, na vida cotidiana, nem todos chegam ao final da jornada com uma relevante contribuição artística para a sociedade.
_._._
(*)http://www.dailymail.co.uk/
“By October 1973, the Bowies were living on Oakley Street, just a stroll from Cheyne Walk. Angie had been out of town for a few days when she returned home one morning and went straight to the kitchen to make some tea. (…) The Bowies’ maid, who had arrived about an hour earlier, approached the lady of the house with a peculiar look on her face. ‘Someone,’ she told Angie, ‘is in your bed.’ (…) Angie went upstairs to her bedroom, slowly pushed the door open, and there they were: Mick Jagger and David Bowie, naked in bed together, sleeping. Both men woke up with a start. ‘Oh, hello,’ said Bowie, clearly taken by surprise. ‘How are you?’ (…) ‘I’m fine,’ Angie replied. ‘Do you want some coffee?’”

MICOS DE MICK

Mito paga mico (ok, ficou péssimo... hehehe).
Uma vez, folheando o livro do Bill Wyman sobre os Rolling Stones, vi uma sequência de fotos interessantes: Mick Jagger, irritado com um fotógrafo, foi para cima do cara e se deu mal. As fotos revelavam Jagger sendo agredido até cair no chão.
O “ego” de Bill Wyman, baixista original dos Rolling Stones, era “compatível” com o de Mick Jagger. Keith Richards era claro sobre isso nas suas entrevistas.
Bill Wyman, portanto, jamais deixaria de ridicularizar o vocalista de sua banda no “seu” livro sobre os Stones.
Mick Jagger sabia da existência do livro de Bill Wyman, mas disse que nunca viu o livro - “Bill en sort un ce jours-ci, je l'ai même pas encore vu.” (The Rolling Stones, Rock & Folk, Janvier 2003, p. 70)
O outro “mico” de Jagger foi bem pior. Keith Richards contou a história:
“Eu tinha levado o Mick para sair e beber em Amsterdã. Voltamos lá pelas cinco horas da manhã. Ele foi ao meu quarto. Estava bêbado e viu que Charlie estava dormindo. Falou: ‘aquele ali é o meu baterista? Por que você não levanta a sua bunda e vem até aqui?’ Charlie se vestiu com um terno Savile Row, gravata, sapatos, fez a barba e desceu. Agarrou o Mick e ‘boom!’ E falou: ‘Nunca mais me chame de seu baterista novamente. Você é que é a porra do ‘meu’ vocalista.” (Playboy, October 1989, p. 115)*
Mick Jagger poderia ter ficado sem essa. Não houve pedidos de desculpas. Nada.
As coisas (pelo menos depois daquele momento) ficaram mais claras na banda.
© profelipe ™
(*) “I had taken Mick out for a drink in Amsterdam, so at five in the morning, he came back to my room. He’s drunk by now. Charlie was fast asleep. ‘Is that my drummer?’ Why don’t you get your arse down here?’ Charlie got dressed – in a Savile Row suit, tie, shoes – shaved, came down, grabbed him and went ‘boom!’ ‘Don’t ever call me your drummer again. You’re ‘my’ fucking singer.”

THE ROLLING STONES: INSPIRAÇÃO PARA CRIAR MÚSICA

A inspiração aparece. A obra vem em seguida. Genética? Excesso de trabalho? Como explicar?
Keith Richards, apesar da fama e de todas as belas melodias criadas para os Rolling Stones, possuía uma outra explicação: costumava dizer que ele seria só um “intermediário” que receberia as músicas de algum lugar. Em “Satisfaction”, por exemplo, ele dizia que a melodia teria surgido em um sonho. Quando acordou, claro, simplesmente fez a música. John Lennon, em sua última entrevista, apresentou outra teoria:
“[Os Rolling Stones] queiram uma música e nós fomos ver que tipo de coisa eles faziam. Paul tinha um trecho de uma música e nós a cantarolamos para eles. Eles disseram: ‘OK, é o nosso estilo”. Mas era realmente só um trecho, tanto que Paul e eu fomos para um canto da sala e completamos a canção, enquanto eles estavam lá, papeando. Voltamos para Mick e Keith, que disseram: ‘Meu Deus, vejam isto. Eles foram lá e já terminaram’. Demos a música para eles. Uma esmola. Isso mostra a importância que a gente atribuía a eles. Nós não lhes daríamos algo que fosse realmente estrondoso, não é? Era o primeiro disco dos Stones. De qualquer forma, Mick e Keith disseram: ‘Se eles podem fazer uma música assim tão facilmente, nós poderemos tentar.” (As 30 Melhores Entrevistas de Playboy, p. 310)
Ainda sobre a maneira de criar as músicas, no caso de Keith Richards, outro dado importante seria a inspiração associada ao consumo de drogas. Isso ficou claro na época da produção de uma obra prima “Exile On Main Street”:
“Dia após dia, Keith fica doidão e demora no banheiro do andar de cima – enquanto isso, Mick e o restante dos Rolling Stones ficam sentados, esperando. Mick não pode fazer nada para obrigar Keith a criar novas melodias para as quais possa compor as letras. Ele está totalmente na palma da mão de seu amigo mias antigo. Da mesma maneira, sem a ajuda de Mick, Keith não tem como terminar o álbum em que os Stones estão trabalhando. Sem o disco, os Stones não podem fazer turnê nos Estados Unidos. Sem o dinheiro que vão ganhar, não têm como sobreviver enquanto banda.” (Robert Greenfield, Memória do Exílio, Rolling Stone, Março 2007, p. 74)
Compor não era simples. Não era fácil também depender dos outros, ainda mais em um grupo de rock. No entanto, a dupla de criação dos Rolling Stones superaria a dos Beatles em termos de longevidade. Bem ou mal, depois de mais de 50 anos, Keith Richards e Mick Jagger ainda estão por aí, criando novas canções e fazendo shows juntos.

Sting & “Bring On The Night”

Ontem, na Tabacaria, a Débora colocou e deixou tocar o álbum inteiro “Bring On The Night”. Fiquei bastante satisfeito, rsrs...
O Sting pode ser um idiota*, mas não dá para negar que o seu primeiro álbum solo é uma obra prima. Ele reuniu só músicos de primeira linha e criou uma banda fantástica com gente como: Branford Marsalis!!! ... Darryl Jones, Kenny Kirkland e Omar Hakim. [Darryl Jones (depois) ocuparia o lugar de Bill Wyman nos Rolling Stones.]
O Sting sabia que estava fazendo algo especial, tanto que ele fez um filme de todo o processo de criação e do desenvolvimento do projeto. O filme é ótimo e chama-se também “Bring On The Night”.
Tive o prazer de ganhar o álbum duplo (vinil) quando ele foi lançado. Foi um presente do meu melhor amigo na época. No entanto, num bar, na mesma noite, outro amigo pediu e emprestei o álbum... e nunca mais vi o meu presente.
Faz parte.
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Sobre o que escrevi antes – do Sting ser um idiota* -, explico agora. Conheci pessoas (em São Paulo) que tiveram acesso ao hotel na época do show dele, Bruce Springteen (parece ser um cara simples e legal) e outros músicos na cidade. Foi dito que (na época) a simpatia e todo o discurso ecológico do Sting eram estratégicos. O cara, no hotel, era insuportável do tipo “eu sou a estrela”. Em outra ocasião, também em São Paulo, ele deu um show e os “seus” músicos não se envolveram adequadamente no evento. Li num jornal, no período, que o Sting – como qualquer patrão – deu a maior bronca nos “seus subordinados” após o show. Aparentemente, em suma, de anjo, claro, parece que o ex vocalista do The Police só tem a cara.

SOLOS & THE ROLLING STONES

Escrever sobre os Rolling Stones é difícil. Afinal, eles ainda estão por aí, com mais de 70 anos, lançando álbuns e fazendo shows. Se alguém deseja saber algo, bastaria perguntar diretamente para os músicos.
Existem inúmeros livros e artigos sobre o grupo, sem falar das entrevistas, filmes, CD-ROMs e muitos outros tipos de fontes.
Portanto, não é uma tarefa fácil escrever algo novo ou apresentar uma análise interessante sobre a banda.
Mesmo assim, não custa tentar.
Quando vou beber e fumar no meu lugar favorito atualmente – a Tabacaria Be Happy-, levo um livro de bolso do Hervé Guilhemont (Rolling Stones, Paris: Editions Prelude e Fugue, 1997).
Não é uma obra prima, mas é um autor francês analisando um grupo de rock inglês.
Gosto de ler em francês, gosto da praticidade do livro de bolso, então, nada mais indicado para uma tabacaria.
Interessei-me mais pela década de 1980 porque foi quando Mick Jagger começou a lançar os seus discos solos (contra a vontade de Keith Richards).
O vocalista dos Rolling Stones acreditava, na época, que poderia sobreviver sem a banda na medida em que ele era a principal estrela do grupo. Isso é comum em grupos de rock. No caso da banda inglesa, havia o outro lado – com uma personalidade forte e o verdadeiro responsável pela música dos Stones – Mr. Keith Richards.
Foi uma batalha entre os dois. O auge talvez tenha sido 1985, ano do Live Aid, quando até os músicos do Led Zeppelin se reuniram para o evento mas os Rolling Stones não se apresentaram juntos no festival. Mick Jagger preferiu cantar com a Tina Turner enquanto Keith Richards e Ron Wood subiam ao palco (visivelmente embriagados) com Bob Dylan.
É dessa época um dos melhores discos do grupo: “Dirty Work”. Keith Richards concebeu e fez o disco praticamente sozinho, sem o envolvimento dos outros membros da banda. A capa do álbum fala por si.
Para obter o resultado final em “Dirty Work”, Richards contou com a ajuda de amigos como Jimmy Page, Tom Waits, Jimmy Cliff, entre outros.
Aliás, Jimmy Page havia participado de outros alguns dos Rolling Stones, quando trabalhava como músico de estúdio. Além da amizade, havia algo em comum entre o guitarrista do Led Zeppelin e Keith Richards: o lado “selvagem” das excursões e dos shows, com o excesso de bebidas, drogas e groupies. Charlie Watts confirmaria tal hipótese quando foi questionado sobre a fama de “bad boys” dos Rolling Stones:
“Somos comportados, na verdade, quando somos comparados com outros grupos – basta você ouvir as histórias -, os músicos do Led Zeppelin eram muito piores do que nós.” (Musik, July 2000, p. 176)
Jimmy Page não foi tão longe no uso da heroína como Keith Richards. Nem o guitarrista dos Stones viveu tanto o cenário das groupies como Jimmy Page. No entanto, os dois souberam aproveitar bastante os anos 1970.

DEPECHE MODE NA ALEMANHA

A “Touring The Angel” do Depeche Mode não viria ao Brasil. Decidimos (então) ver o show na Europa. A melhor data seria no dia 26 de janeiro de 2006 em Frankfurt. Já tínhamos ido na Alemanha duas vezes e sabíamos que neste período, além do frio, havia neve.
Descobrimos, no hotel em Frankfurt, que os ingressos estavam esgotados. Havia mais de três meses (fomos informados). Fomos lá por causa do show e, assim, teríamos que dar um jeito.
No táxi, indo para Festhalle, conversando com o motorista, fomos avisados que era um pouco perigoso (e pouco comum) negociar com cambistas na Alemanha.
Fomos assim mesmo e na bilheteria a funcionária disse o que sabíamos: não havia ingressos. Não resolveu falar que saímos do Brasil só para ver o show em Frankfurt.
Começava a nevar. As pessoas, com ingressos, entravam em Festhalle. Havia uma faixa enorme avisando do perigo de comprar ingressos dos cambistas. Contudo, não havia outra alternativa. Sob neve e numa mistura de alemão e inglês, houve a tal negociação ali mesmo, na porta da casa de shows. O preço original era 59,50 euros. Não houve conversa. Queríamos dois ingressos e o total saiu por 300 euros.
O problema persistia por causa das várias recomendações quanto aos cambistas. Se os ingressos fossem falsos, num país estrangeiro, além de sermos barrados, não sabíamos se existiriam outras penalidades.
No final, deu certo. Entramos. Ficamos na pista (perto do palco). O show foi ótimo.
Não imaginava, pelo estilo de música da banda, que haveria tantos homens (heterossexuais) no show. Pensava que seria um público mais ao estilo do Pet Shop Boys ou do Erasure (shows que vi aqui no Brasil). Estava enganado. Pelo que percebi, grupos como Depeche Mode, The Cure e The Sisters of Mercy são muito respeitados na Alemanha.
O show não foi tão bom como o que vi do U2 em Paris em 2001 (“Elevation Tour” que também não passou pelo Brasil), mas foi divertido. Foi uma boa experiência.

Jimmy Page com Jeff Koons

A entrevista do Jimmy Page com Jeff Koons (para 92 Y Plus) durou uma hora, 18 minutos e 57 minutos. O tema era o livro de fotos do guitarrista do Led Zeppelin.
O longo tempo deu bastante liberdade ao Jimmy Page para contar detalhes sobre várias fotos, explicando o contexto de cada época e o processo de criação de sua música.
É interessante que ele inicia os comentários (claro) falando do seu interesse pela guitarra desde criança e em seguida comenta as fotos
da formação do primeiro grupo,
da fase de músico de estúdio,
do convite de Jeff Beck para ele tocar no Yardbirds,
da fase do Led Zeppelin,
da importância de Jason Bonham na excursão de 1988 e no show de 2007 no O2 Arena,
do projeto da MTV com Robert Plant,
do projeto que ele fez com The Black Crowes,
da performance com Leona Lewis no final das olimpíadas na China e
do documentário The Might Get Louder.
No final, vieram as perguntas do público e a questão mais importante foi sobre os projetos para 2015.
Jimmy Page disse que pretende continuar com os atuais trabalhos de edição do material do Led Zeppelin e pretende ainda dar continuidade ao projeto “Celebration Day”, o que significa, na prática, que ele efetivamente deseja voltar a tocar ao vivo no próximo ano a partir de um projeto secreto que só ele sabe.
Foi uma longa e bela entrevista.

LED ZEPPELIN: UM POUCO DE HISTÓRIA*

(*) Este texto foi publicado anteriormente (com outro título).

O Led Zeppelin foi formado por dois experientes músicos de estúdio - Jimmy Page e John Paul Jones - e dois jovens desconhecidos - Robert Plant e John Bonham), sendo que um revolucionaria o jeito de tocar bateria e definiria, de certa maneira, o caminho que o grupo iria tomar (inicialmente, Page havia pensado em formar um grupo mais acústico, "folk").
O mais inexpressivo no começo da banda era o vocalista Plant - tão inexpressivo, que, na época, o assistente do empresário do Led Zeppelin, Richard Cole (sim, aquele indivíduo de bigode que leva uma bronca enorme de Peter Grant no filme "The Song Remais The Same") mandou o vocalista comprar sanduíches para o pessoal do grupo (ver o livro "Hammer of Gods"). Claro que logo essa situação mudaria e Robert Plant seria um dos destaques do Zeppelin e um dos ícones do rock.
Depois do fim da banda, Plant gostava, algumas vezes, de fazer trocadilhos ou falar mal do Led Zeppelin. Talvez ele nunca tenha esquecido a humilhação de Richard Cole... Quando fez o seu primeiro disco solo, "Pictures of Eleven", ele o mostrou para os ex-companheiros Page e Jones. Page aprovou. Jones fez críticas:
"Bem, ah, eu pensei que você poderia ter feito algo um pouquinho melhor, velho amigo." Ao que Plant respondeu: "bem, obrigado. E mais uma vez, eu sou apenas o cantor das músicas." (Guitar World, July 1986, p. 64)
Robert Plant não esqueceria as críticas de John Paul Jones. Quando resolveu fazer o "unpplugged" da MTV com Jimmy Page e em seguida ambos gravariam dois álbuns e realizariam duas tours, Plant responderia ao baixista do Zeppelin. Sempre que era questionado por que Jones não havia sido convidado para participar do projeto, Plant respondia com alguma piada ou ironia, como "Jones ficou lá fora estacionando os carros..."
Quando Jimmy Page fez o projeto com David Coverdale, Robert Plant o criticou bastante, sobretudo afirmando que Coverdale o imitava e que se o que ele (Plant) fazia na época (do Zeppelin) já era ridículo, imagina o que sobraria para os plagiadores.
Robert Plant exagerava, claro, e não poupava nem a si mesmo. As ironias quanto à importância do Led Zeppelin devem vir do fato de que tudo na banda era criado e controlado por Jimmy Page. Não havia dúvidas de que se tratava do grupo de Jimmy Page. Plant era "apenas o cantor das músicas." Apesar de ter feito letras interessantes, como "That's the Way", "Going to California" e "The Rain Song", o vocalista era acusado de plágio. A sua justificativa seria que nem sempre dava para acompanhar a criatividade musical de Jimmy Page. Ou seja, o guitarrista chegava com a música e ele tinha que criar a letra. Nas palavras do próprio Robert Plant:
"O 'riff' do Page é o 'riff' do Page e pronto. Ele estava lá antes de qualquer coisa. Daí, eu pensava: 'bem, o que eu vou cantar?' Foi isso [com a letra de Whole Lotta Love], um plágio. Ainda bem que agora já foi pago. Na época, houve muita conversa sobre o que fazer. Foi decidido que a música estava tão além do seu tempo... Bem, você só é descoberto quando faz sucesso. Esse é o jogo." (Musician, June 1990, p. 47)
O reconhecimento do talento de Jimmy Page não era feito somente pelos companheiros de banda. Na época em que era músico de estúdio, Page participou de gravações de grupos como The Who e The Kinks. Keith Richards conheceu Page com a ajuda de Ian Stweart (o "sexto" stone) - aliás, Stu foi um dos poucos que participou de um disco oficial do Led Zeppelin. Jimmy Page participou de alguns discos dos Stones na década de 1960, assim como John Paul Jones. Depois do fim do Zeppelin, Richards chamou Page para ajudar no álbum "Dirty Work". Sobre a relação entre os dois, Richards lembrou uma história interessante:
"De fato, para 'Heart of Stone', Jimmy fez a demo original. Andrew [Loog Oldham, produtor] iria passar a música para outra pessoa. Assim, quando decidimos que 'nós' faríamos a música, eu copiei o solo de Jimmy (quase) nota por nota." (Guitar World, July 1986, p. 72)
Falar da história do rock é tratar de egos e de ironias. Talvez por isso seja praticamente impossível pensar numa análise freudiana no que diz respeitos os ícones deste estilo musical...

sábado, 20 de setembro de 2014

HOLLYWOOD ROCK: NIRVANA & ALICE IN CHAINS

A pessoa deve saber quando sair de cena.
Não parece adequado insistir em algo que deu certo só para agradar o (s) outro (s).
Uma namorada, certa vez, demonstrou irritação com uma ex que queria voltar: “ela já teve a vez dela.”
Foco. Viver intensamente o aqui e o agora para não arrepender depois. Em suma... “timing”.
Ficar no arrependimento é, mais uma vez, perder o aqui e o agora.
Nem sempre existe paciência para lidar com gente inteligente, sensível e diferente.
Isso não significa deixar de perceber que a pessoa seria inteligente, sensível e diferente.
Já comentei que (quando vi o Nirvana ao vivo) estava sem paciência com Kurt Cobain e companhia e, se dependesse só de mim (não estava sozinho), teria ido embora mais cedo do estádio.
Valeu ficar e ver o bis com os músicos trocando de lugares (Kurt foi para a bateria!!) e tocando covers de bandas como The Clash e Duran Duran.
Não compreendo o fascínio de muitos pelo Foo Fighters ou pelo Pearl Jam. Já tentei, de fato, conhecer as duas bandas, especialmente no caso do ex-músico do Nirvana. Não deu.
Eu sou fã do Led Zeppelin e vejo com simpatia (apesar dos exageros) os elogios de Dave Grohl quanto ao histórico e importância do grupo inglês para o rock ‘n’ roll. Contudo, não consigo deixar de ver o Grohl como um adolescente deslumbrado que teve a sorte de tocar no Nirvana.
Gosto bem mais da postura do Krist Novoselic quando não insiste em criar um mega projeto para si mesmo a partir de um passado que era definido por Cobain.
Acho interessante a postura do “ok, aquele foi o momento e pronto”.
Sobre o meu mal estar diante do show do Nirvana no Morumbi, parece que eu não fui o único caso:
"110 mil pessoas e a maior multidão para a qual o Nirvana já tocou, tanto a equipe como a banda se lembram dele como a pior apresentação que já haviam feito."*
De acordo com Mariana Tramontina, se, no caso do show do Rio,
“partes (...) integram o registro ao vivo da banda ‘Live! Tonight! Sold Out!!’, lançado em VHS em 1994 e em DVD em 2006, (...) o show do Nirvana no Morumbi, no entanto, [tornou-se] um objeto de desejo dos fãs de toda parte do mundo. Em tempos quando não havia smartphone e que câmeras portáteis não eram tão acessíveis, pouco registro se tem daquela apresentação.”**
Naquele festival vi também Alice in Chains (AIL).
Não fui no último Rock in Rio. Lembro que estava num bar, em Uberlândia, e na televisão passava os shows do festival. Fiquei meio surpreso ao ver o AIL. O vocalista era outro (claro) mas tudo parecia mais uma banda cover do AIL do que o grupo original.
É a velha história do “aqui e agora” ou do “só se vive uma vez”. Ficar repetindo seria uma forma de continuar sobrevivendo e, ao mesmo tempo, de deixar de viver.
Pois é.
(*) Charles R. Cross, "Mais Pesado que o Céu", Apud, Mariana Tramontina, Há 20 anos, Nirvana fazia "pior show" da carreira no Hollywood Rock do grunge. http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2013/01/16/ha-20-anos-nirvana-fazia-em-sao-paulo-show-mais-surreal-e-emblematico-da-carreira.htm
(**) Mariana Tramontina, Há 20 anos, Nirvana fazia "pior show" da carreira no Hollywood Rock do grunge. http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2013/01/16/ha-20-anos-nirvana-fazia-em-sao-paulo-show-mais-surreal-e-emblematico-da-carreira.htm

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

DIRTY WORK

Em 1985, houve o Live Aid. Os Rolling Stones estavam lá, mas não tocaram juntos no evento. Keith Richards e Ron Wood subiram ao palco (bêbados, provavelmente) com Bob Dylan. Não deu certo. Mick Jagger quis brilhar ao lado da Tina Tuner. Como tudo parecia ser parte do seu plano maquiavélico, ele, pelo menos, se saiu melhor.

Keith Richards possui um ego “razoável” e costuma chamar este período como "a Terceira Guerra Mundial".

Ele e Jagger definitivamente não se entendiam na época.

O motivo era simples: o ego de Mick Jagger era maior (nenhuma referência ao órgão sexual masculino, já que Richards sempre divulgou para todos que, nesta área, seria necessário usar “uma lente de aumento” para identificar o Mick Jagger).

Jagger estava empolgado com a carreira solo que, no período, ele acreditava que poderia libertá-lo dos Rolling Stones e, apesar do pessimismo do John Lennon, levá-lo à vida adulta. Jagger errou e até hoje, aos 71 anos, ainda precisa dos Stones para sobreviver.

E, em 1986, Keith Richards ainda não sabia que poderia viver musicalmente sem a sua banda de rock (só depois, com o sucesso de sua carreira solo, percebeu que tinha vida própria). Ele queria um novo disco dos Stones. Jagger (pelos motivos aqui citados) não queria saber.

Desde a década de 1960 (e antes da existência do Led Zeppelin), quando precisava, Richards chamava o Jimmy Page. Fez isso em 1986. Além de Page, chamou amigos como Tom Waits, Jimmy Cliff, entre outros, e gravou o álbum dos Rolling Stones sem os músicos dos Stones.

Na hora da foto da capa do CD, porém, todos estavam lá. Richards não se importou, desde que ele ficasse no centro e o resto “na periferia” da imagem (inclusive Jagger). Isso foi feito e a foto fala por si.

“Dirty Work” tornou-se um dos meus álbuns preferidos dos Stones. Pesado, irônico, nada homogêneo (como uma vida adulta deve parecer).

Posteriormente, nas “tours” dos outros álbuns da banda, Jagger sempre pareceu evitar as músicas deste CD.

Quem se importa? Afinal, como aparece numa camiseta do Keith Richards na década de 1970:

“Who the fuck is Mick Jagger?”

© profelipe ™

SOLOS NO ROCK 'N' ROLL

O pior solo de baixo que vi (comentei aqui) foi o do Gene Simmons do Kiss em São Paulo no show em Interlagos.
 

O pior solo de bateria que vi foi no show do Ozzy no Rock in Rio. Foi uma vergonha o plágio do baterista em relação aos solos do John Bonham. O pior foi ouvir os comentários na hora (de metaleiros) dizendo que o cara seria original e revolucionário (não lembro - e nem quero saber - o nome do baterista do Ozzy naquele show). Toda a situação foi bem ridícula.
 

 O pior solo de guitarra - esse eu não vi ao vivo mas tenho que citar - foi o do Robert Plant (cara, você não é guitarrista...) no Rock and Roll Hall of Fame 1995... Eu já tinha visto o Plant ao vivo em 1994 e veria mais duas vezes em 1996... Em todas as oportunidades, ainda bem, ele não ousou tocar guitarra.

Nos cinco shows (Voodoo Lounge, Bridge to Babylon e A Bigger Bang Tour) que vi dos Rolling Stones no Brasil, Sir Mick Jagger também não ousou tocar guitarra ao vivo... Ainda bem ²
 

Agora de vocalista que se acha o máximo no palco, mas é, de fato, um saco, a disputa fica feia entre Paul Stanley e Bon Jovi.

O CINISMO DE ROBERT PLANT

Não defendo a volta do Led Zeppelin mesmo que fosse só para shows. Nem defendo a obsessão de Jimmy Page pelo dinheiro (até compreendo a infinita edição e as versões diferentes dos álbuns lançadas principalmente após a invenção do CD, mas beira ao absurdo essa história de “criar uma edição limitada de cachecóis com impressão das capas dos álbuns da banda”).

Isso, porém, é quase zero perto do cinismo do Robert Plant.

Lembro que ele, nas primeiras “tours” dos álbuns solos, se recusava a cantar músicas da ex-banda porque seria necessário provar que ele seria capaz de “voar” sozinho. Depois, Plant mudou de postura e incluiu as músicas da banda liderada por Jimmy Page em seus shows.

Quando Robert Plant foi convidado para fazer o (em moda na época) “unpplugged” da MTV sobre a sua carreira, chamou o Jimmy Page e transformou todo o projeto em algo do Led Zeppelin sem a presença de John Paul Jones - que era constantemente insultado nas entrevistas de Plant na época dos shows do “Unledded” – cujo título oficial (seria mais um insulto?) era “No Quarter’, a música que era identificada como o principal momento do John Paul Jones na banda.

Em 2007, o que era para ser uma homenagem para o executivo da Atlantic Records (como tantas outras que reuniam os três músicos do grupo), quando seriam tocadas algumas poucas músicas do Led Zeppelin sem utilizar o nome do grupo, Robert Plant transformou em um show de uma hora e meia COM o nome do Led Zeppelin.

Depois de todo o sucesso do show de 2007 (não era para ser diferente), Plant se irritava quando perguntavam se existiriam mais shows – ele que começou com essa história... Mais uma vez, falava que o seu interesse era o presente, com sua banda, e não o passado, com o Led Zeppelin.

Na Europa, esse discurso funcionava bem, mas quando Robert Plant resolveu fazer shows também na América do Sul, a estratégia foi alterada e ele voltou a aparecer como “o vocalista do Led Zeppelin”.

Eu vi a entrevista que ele deu quando disse que não havia projetos pessoais para 2010 e que estaria disposto a reunir com os ex-companheiros, dando a entender que tudo dependeria de Page e de Jones. O ex-baixista da Led Zeppelin ironizou e não caiu mais nas armadilhas e no cinismo do Plant: Jones não poderia reunir em 2010 porque teria feito compromisso em compor uma ópera...

Jimmy Page, ironicamente, tornou-se o ponto fraco e continuava a humilhação sem resultados diante do ex-vocalista do seu grupo na década de 1970.
Robert Plant resolveu lançar uma biografia oficial e – parecendo o Paul McCartney (que sempre usava o nome dos Beatles quando precisava chamar a atenção para si) – mais uma vez visitou o passado que tanto negou já no título do livro: “The Voice That Sailed The Zeppelin”.

Numa entrevista recente, ainda reclamou do Jimmy Page:

“Eu me sinto mal por ele. Ele sabe que sai nas manchetes se assim o quiser. Mas eu não sei o que ele está tentando fazer. Então eu me sinto levemente desapontado e perplexo.”

Manipulação? Cinismo? Como encontrar adjetivos para definir a postura de Robert Plant?

Imagino que o Jimmy Page deve se arrepender bastante de não ter demitido o seu vocalista após as críticas que ele sofreu na primeira “tour” do Led Zeppelin nos Estados Unidos:

“(…) the pop critics insulted his aria-like blues wails and his prissy, hyper-masculine posing. (…) Even Jimmy wasn’t absolutely positive about Robert. Cole recalls: ‘It was a very touch-and-go thing whether Robert would even be in the group after the first tour, because he didn’t quite seem to make it up to Page’s expectation. At the time, there was a possibility he wouldn’t do another tour. That was the truth.’” (Stephen Davis, Hammer of Gods, p.64)

Como foi dito no início, Jimmy Page nunca foi santo – ele odiaria ser rotulado assim porque sempre defendeu o ocultismo e era bastante crítico quanto ao cristianismo -, mas, diante do mal resolvido Robert Plant, o ex-líder e guitarrista poderia, se quisesse, até posar de vítima.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

KISS - ALIVE II

O Gene Simmons (do Kiss) afirmou que não se importaria se seu rosto estivesse em rolos de papel higiênico desde que as pessoas pagassem por isso.
 

Esse princípio explica muitas coisas sobre o grupo como usar uma música do disco solo do Ace Frehley numa coletânea do tipo “the best” (a música ficou totalmente fora do contexto).
 

As “paqueras” do suposto “sex symbol” Paul Stanley com as baladas e a “dance music” eram óbvias (constrangedoras, algumas vezes). Não eram originais, afinal, Mick Jagger, já havia feito isso.
Ouvi o Kiss mesmo na minha adolescência. Adorava o Alive I e o Alive II. Gostava do barulho e pronto.
 

Voltei, recentemente, a ouvir o Alive II e percebi uma coisa óbvia: a música “Any Way You Want It” é totalmente no estilo Beatles e Monkees. Qualquer um consideraria algo assim, no mínimo, meio estranho. No entanto, vindo do Kiss, ninguém leva a sério mesmo.

ROCK: ESPOSAS, NAMORADAS & GROUPIES

O recente suicídio de L'Wren Scott lembrou-me do fim trágico de algumas garotas que se envolveram com músicos famosos de rock n roll.

A morte de Scott causou um impacto no seu namorado, Mick Jagger, que o levou a cancelar as datas da turnê dos Rolling Stones na Austrália. Entretanto, nem sempre foi assim. Algumas garotas foram, aparentemente, abandonadas pelos seus namorados ou amigos famosos.

Um desses casos foi a ex-esposa do guitarrista dos Stones, Krissy Wood. Ela “morreu, aos 57 anos, de uma overdose de Valium (...) abandonada e sem dinheiro. A mulher que teve casos com Eric Clapton, George Harrison, John Lennon e Jimmy Page e foi casada com Ronnie Wood foi reduzida a uma pessoa que vendia lembranças do seu passado e ainda procurava emprego em supermercados.” (Anna Pukas, Rolled Over By The Stones)

Em outro artigo, tratei de outras duas garotas que estiveram com os Rolling Stones...*

Em 1970, Michele Breton e Anita Pallenberg participaram, com Mick Jagger, do filme "Performance". De acordo com Robert Greenfield, Breton, na época do filme, com 17 anos, "cabelo curto e peitos tão grandes que chegam a chocar - junto com Mick e Anita, aparece nua na cena da banheira."
Depois de passar décadas como usuária de drogas em vários países, Breton foi encontrada em Berlim em 1995 e disse - ainda de acordo com Greenfield:

"não fiz nada na vida. (...) Onde tudo começou a dar errado? Não consigo me lembrar. É mais ou menos coisa de destino."

Parece que o que aconteceu com Pallenberg não foi muito diferente, ou pelo menos ela não possui o mesmo poder que os seus companheiros Jagger e Richards continuam a ter no século XXI.

As pioneiras no universo das groupies estavam no grupo GTO - Girls Together Outrageously. A mais famosa delas foi Pamela Des Barres. Ela não teve um fim trágico, pelo contrário, ficou famosa quando contou as suas experiências com as estrelas do rock em um livro chamado “I’m With The Band”.

A pior fama – considerados “selvagens” pelas loucuras que promoviam nos bastidores das turnês – pertencia aos músicos do Led Zeppelin. John Bonham era o violento. John Paul Jones não participava das orgias e dos principais eventos dos bastidores. Robert Plant era muito jovem, deslumbrado e fascinado com o status do estrela do rock e talvez o que se mais se envolvia com as groupies. Jimmy Page era envolvido com magia negra, sadomasoquismo e bastante envolvido com as groupies. Isso era confirmado – pelo menos no caso do guitarrista do Led Zeppelin - por Pamela de Barres em uma entrevista a revista Uncut:

“Antes de nos conhecermos, eu estava com medo de Jimmy e determinada a não me apaixonar por seu charme quando o Led Zeppelin estivesse L.A. Merecida ou não, a sua reputação como um indivíduo impertinente e debochado o precedia. Mas ele tinha a intenção de me fazer apaixonar por ele, e não demorou muito. Ele me enviou notas, pegou meu número de telefone e facilmente me convenceu de que iria valer a pena. Ele mantinha chicotes em sua mala de viagem na estrada, mas nunca tentou usá-los em mim. Ele definitivamente tinha um lado sexual perverso, o que fez dele um amante transcendente.”**

Os músicos, normalmente, não comentavam sobre as groupies e nem havia grandes rivalidades entre eles neste sentido. Quando Jimmy Page ficou com a esposa de Ron Wood, o guitarrista dos Stones ligou para ele para perguntar se estava tudo bem com ela. Na época, Ron Wood estava com a namorada de Page, Bebe Buell, que relatou o que acontecia na época:

“É especialmente difícil para mim porque eu namorei Page quando ele estava no seu mais glorioso e divino momento. 1973-1974. Ele nunca tentou usar chicotes ou qualquer outro material. (...) ele era muito normal no quarto e muito romântico!
(...) [Mas] Ele fugiu com a esposa de Ron Wood e acabei tendo o mês mais divertido da minha vida vivendo na casa de Woody em Richmond Hill, enquanto Todd estava na Índia em uma busca espiritual.
(...) Quando Jimmy descobriu que eu estava com o Woody, ele me chamou e disse que iria enviar Chrissie Wood para a casa, se eu deixasse Todd uma vez por todas. Recusei e o resto é história.”

Todd Rundgren foi casado com Bebe Buell e assumiu a paternidade da sua filha Liv. A menina descobriria só aos 11 anos que o seu pai biológico era, de fato, Steven Tyler do Aerosmith. Então, passou a usar o seu sobre nome (Liv Tyler).

O troca-troca de casais parecia algum confuso. Entretanto, as groupies não se consideravam ingênuas. Michelle Overman:

“Mas nós estávamos fazendo exatamente o que queríamos fazer! Nós estávamos apaixonadas pela música e esses caras eram as respostas às nossas orações. Eles nos queriam lá e nos tratavam como deusas.”

Isso era verdade, mas só em parte, afinal, os músicos, em sua maioria, eram casados e tinham filhos (como no caso do Led Zeppelin) e não queriam saber das groupies quando voltavam para as suas casas.

Por outro lado, essas garotas, na década de 1970, eram, em grande parte, adolescentes, algumas com 13, 15 ou 17 anos. Os aviões particulares, as limousines, as festas e o glamour realmente significavam um atrativo forte e uma possibilidade de viver, pelo menos por alguns momentos, um “conto de fadas”.

Nem todas, porém, souberam lidar com o envelhecimento e com o anonimato. As drogas, especialmente a cocaína, representaram um caminho definitivo para a decadência – como foram os casos de Brandi Brandt, famosa playmate casada com o baixista do Mötley Crüe – Nikki Sixx – e Tawny Kitaen – ex-esposa de David Coverdale do Whitesnake.

domingo, 1 de junho de 2014

OBVIEDADES SOBRE O LED ZEPPELIN

Apesar de serem músicos talentosos, dificilmente o Led Zeppelin passaria despercebido no universo do rock n roll. Jimmy Page e John Page Jones eram músicos de estúdios, que prestaram serviços para diversas bandas de rock nos anos 1960, como The Rolling Stones e The Who, entre outros.

Robert Plant e John Bonham não eram famosos e eram bastante jovens. Jimmy Page, criador e líder incontestável do Led Zeppelin, no início, não sabia qual linha musical seguir: algo mais “folk” ou alguma coisa mais pesada. Quando Page ouviu John Bonham pela primeira vez, claro, estaria definido o som do grupo.

A ideia de formar a banda vinha de uma necessidade prática: Jimmy Page era guitarrista no Yardbirds e os outros músicos desistiram da banda e ainda faltavam shows a cumprir na Escandinávia.

Page e o empresário do Yardbirds decidiram convocar os novos músicos para cumprir o contrato.

Os primeiros shows, com a formação do Led Zeppelin, foram, assim, sob o nome New Yardbirds. O grupo teria que se apresentar com outro nome só mais uma vez e foi na Alemanha, no início da carreira porque uma senhora da tradicional família associada ao Zeppelin não admitia o uso do nome em shows no país. Com o sucesso, isso deixou de ser problema.

Jimmy Page e Peter Grant sabiam exatamente o que queriam para o Led Zeppelin. O lugar da banda tinha que ser os Estados Unidos e não a Inglaterra. Sabiam que tinham que trabalhar muito para construir uma identidade para o grupo.

Foram nove “tours” (excursões) pelos Estados Unidos entre 1968 e 1973.

Jimmy Page já era famoso antes do Led Zeppelin. Isso e a experiência do empresário Peter Grant garantiram um excelente contrato com a gravadora Atlantic.

Se na primeira “tour”, a banda passou um pouco despercebida em alguns lugares, depois da segunda excursão, não havia dúvida, todos sabiam da fama do Led Zeppelin.

Para tanto, do ponto de vista empresarial, Peter Grant adotou alugmas estratégias: o grupo não apareceria na televisão (que tinha um som péssimo na década de 1970), não seriam lançados compactos (quem quisesse, teria que comprar os álbuns), fretou um avião (“The Starship”) que daria mais liberdade para o grupo nos Estados Unidos, todos deveriam evitar a imprensa e os músicos eram intocáveis (mesmo considerando as confusões envolvendo coisas como magia negra, violência, mortes, sadomasoquismo, garotas menores de idade e orgias).

O segundo álbum do Led Zeppelin foi gravado na estrada, o que significaria que, ali, seria sistematizada a imagem da banda: som pesado, letras sexuais e “blues”.

O disco mais as lendas em torno das histórias de bastidores do grupo não deixavam dúvida: nascia um mito.

O contexto histórico era a favor ao Led Zeppelin, afinal, acabara fase “paz e amor” dos anos sessenta e a nova década “pedia” novos estilos para uma nova juventude.

Não tinha como errar. E não houve erro. Led Zeppelin e década de 1970, em termos de rock n roll, tornaram-se sinônimos.

terça-feira, 27 de maio de 2014

THE POWER STATION & LED ZEPPELIN


Quando ainda fazia faculdade, eu era bem radical em termos de gostos musicais: adorava som pesado e odiava “pop music”. Isso foi até um amigo, na lanchonete da universidade, elogiar o Power Station. Ele também era fã do Led Zeppelin e eu disse que ele tinha ficado louco porque os músicos do Duran Duran representavam a metade do Power Station. Ele insistiu: “cara, eu sei, mas essa banda é boa e pesada.”
Resolvi ouvir e gostei e comecei a deixar o preconceito musical de lado. Publiquei um anúncio numa revista chamada “Som Três” e escrevi que queria ter contato com pessoas que gostassem de determinados grupos, entre eles o Power Station. Para a minha surpresa, recebi diversas cartas com fotos de garotas fãs do Duran Duran. Elas eram as duranies.
Adorei, claro, afinal, algumas eram muito bonitas. Na época, me encontrei com elas principalmente em São Paulo. Fique com algumas e até cheguei a namorar uma delas. Quando o Duran veio ao Brasil em 1988, eu já sabia tudo sobre a banda (fui ao show no Rio) e foi um momento especial para todos.
Em resumo, muitos não entendem como que alguém que é fanático pelo Led Zeppelin pode ouvir uma música tão simples e “pop” como a do Duran. No meu caso, esse foi um dos motivos.
Um detalhe: o baterista do Power Station chamava-se Tony Thompson. Quando os músicos do Led Zeppelin decidiram se reunir pela primeira vez após o fim do grupo (no projeto Live Aid em 1985) escolheram o Tony Thompson para ser o baterista. O Phil Collins participou também mas porque, por algum motivo, ele queria participar de vários shows do evento tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra. O cara mesmo era o Tony Thompson, tanto é verdade que os músicos do Led Zeppelin ensaiaram com ele para uma possível volta do grupo. O projeto foi interrompido após um acidente sofrido por Tony Thompson.

domingo, 25 de maio de 2014

PETER GRANT & BILL GRAHAM

Bill Graham foi promotor de shows de rock nas décadas de 1960 e 1970. Tinha fama de durão e de se impor nas negociações com os empresários dos grupos de rock, exceto, claro, com Peter Grant do Led Zeppelin.

Os dois se odiavam, mas eles tinham que negociar, afinal, o Zeppelin era a maior banda nos anos 1970 e Graham era o mais importante promotor de shows nos Estados Unidos no período.

Era meio previsível que, numa hora qualquer, um atrito entre os dois iria ocorrer. E aconteceu em 1977. De acordo Chris Welch:

“Foi durante essa turnê que o incidente ocorreu e que rendeu ao grupo má imprensa e um mal-estar dentro da indústria da música. Em 23 de julho em Oakland (Califórnia), Peter Grant, o homem que fazia a sua segurança - John Bindon -, John Bonham e Richard Cole se envolveram num briga séria com um empregado do Bill Graham. Eles foram acusados de agressão e liberados sob fiança.”
(The Story of Led Zeppelin. In.: HM Photo Book)

Simples?! Claro que não. Se Graham gostava de manter uma imagem de durão, Peter Grant, na prática, era esse homem, tanto que aparecem cenas dele dando broncas em várias pessoas no show do Madison Square Garden no filme “The Song Remains The Same”. Para defender os interesses do Led Zeppelin, Grant fazia de tudo, até interromper shows de outros grupos em festivais para não atrapalhar a hora de entrada de seus músicos.

Peter Grant era autoritário e violento. Não foi por acaso que quis ser retratado como um mafioso no filme oficial do Led Zeppelin. O seu braço direito – Richard Cole – era pior. Os dois mais o baterista John Bonham protagonizaram várias cenas de violências nos bastidores dos shows do grupo.

Quando ocorriam problemas com o Led Zeppelin (e eram muitos – drogas, orgias, envolvimento com garotas com menos de 18 anos, brigas e ataques violentos até contra jornalistas – que, por sinal, insistiam em falar mal do grupo -, magia negra, destruição de hotéis...), Peter Grant colocava os músicos em limousines e os encaminhavam direto para o avião particular da banda. O empresário ficava e resolvia – normalmente com muito dinheiro – o que precisava ser resolvido.

Jimmy Page tentava amenizar a fama do Led Zeppelin na década de 1970:

"Havia apenas a coisa com Bill Graham e houve só um caso de briga fora do palco. Mas eu não sei como aconteceu. Eu sei que essa coisa de vibração pesada cercou-nos, mas era mais em tom de gozação. De fato, você não poderia encontrar um homem mais gentil do que Peter Grant, mas as pessoas não compreendiam o estilo dele.” (
Chris Welch, The Story of Led Zeppelin. In.: HM Photo Book)

Certamente Grant era gentil e fazia tudo por seus músicos. Entretanto (e talvez exatamente por isso), isso não significava ser cordial com os outros fora do universo do Led Zeppelin. Quanto ao incidente relatado por Chris Welch e Jimmy Page, maiores detalhes aparecem no livro “Hammer of the Gods”:

“Durante dez anos, Peter Grant e Bill Graham acusavam um ao outro serem só blefes. Em 23 de julho, a noite do primeiro show de Oakland, houve finalmente um confronto entre eles. Tudo começou com o filho de Peter Grant, Warren, que estava acompanhando a turnê. Havia uma placa escrita à mão (dizendo) 'Led Zeppelin' na porta de um dos trailers, e o jovem Grant pediu a um dos seguranças de Bill Graham se ele poderia levar a placa. De acordo com Richard Cole, o segurança empurrou Warren para mantê-lo distante. Bonzo, fora do palco por um momento, viu, aproximou-se, amaldiçoou o segurança e o chutou algumas vezes antes de voltar ao palco. Em seguida, foi dito ao Peter Grant que alguém tinha machucado seu filho, e Grant e John Bindon levaram esse segurança para dentro de um trailer, enquanto Richard Cole vigiava tudo do lado de fora. A equipe de Graham veio em auxílio do colega e foi espancada por Cole quando tentou entrar no trailer. Quando a equipe de Graham finalmente entrou no trailer, havia sangue para todo o lado, sendo que o segurança havia sido vítima de uma prolongada e firme surra. Ele, então, foi levado para um hospital.” (Stephen Davis, Hammer of the Gods, p. 197)

O Led Zeppelin ainda tocou mais duas noites no mesmo lugar. Peter Grant obrigou Graham a assinar um documento tirando a responsabilidade da equipe do Led Zeppelin no espancamento do segurança. Na medida em que tal documento não tinha valor jurídico, Graham tentou processar os envolvidos. O resultado final saiu só no ano seguinte:

“Em fevereiro de 1978, por meio de seus advogados, John Bonham, Peter Grant, Richard Cole e John Bindon procuraram se defender das acusações decorrentes do episódio no Oakland Coliseum em julho do ano anterior. Todos os quatro foram considerados culpados e obrigados a pagar multas e as penas foram suspensas. Desde que os quatro não foram obrigados a comparecer no tribunal, as acusações contra eles, de fato, nunca foram ouvidas. Bill Graham ficou furioso porque, mais uma vez, o Led Zeppeln tinha se safado perante a lei.” (Stephen Davis, Hammer of the Gods, p. 200)

Na verdade, o que importa mesmo é que todo esse clima era típico dos anos 1970. Aliás, é por isso que o Led Zeppelin tornou-se símbolo da década. As tentativas de reunir o grupo não deram certo não só por causa da morte de John Bonham – que era “o motor da máquina” – mas também pela falta de Peter Grant.

Deve ser considerado ainda que os anos 1970 acabaram. O mundo mudou. O estilo de vida do Led Zeppelin não caberia mais nas décadas seguintes. E, muito importante, ficou a lenda com uma trilha sonora perfeita. Isso não é pouco no universo do rock n’ roll.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

GUITARRISTAS & VOCALISTAS


São raras as bandas que não dependem dos seus vocalistas. Quando foi lançada a edição especial de Exile On Main Street, Keith Richards achava que os Rolling Stones deveriam fazer uma tour para comemorar. Mick Jagger discordou. Não houve tour.
Jimmy Page, recentemente, após muito trabalho, lançou edições especiais dos três primeiros álbuns do Led Zeppelin. Ele também achava que o grupo deveria se reunir e fazer shows. Robert Plant, na prática, rejeitou a ideia. Page perdeu a paciência e disse numa entrevista ao The New York Times:
"Foi-me dito no ano passado que Robert Plant falou que não tinha nada para fazer em 2014, e o que os outros dois vocês achariam disto? Bem, ele sabe o que os outros caras pensam. Todos gostariam de fazer mais shows com a banda. Ele está apenas jogando jogos, e eu estou farto disso, para ser honesto com você. Eu não canto, então eu não posso fazer muita coisa. Tudo parece, portanto, muito improvável, não é? "*
É verdade. Dificilmente a tour acontecerá. Robert Plant tem seus motivos, alguns talvez nem sejam tão conscientes assim, como quando, para compreender os acidentes sofridos por sua família na década de 1970 (inclusive com a morte de seu filho Karac), disse que a má sorte do grupo na época seria culpa do envolvimento de Jimmy Page com a magia negra; ou ainda, quando era hostilizado pelos outros no início da banda, época que foi muito criticado pela imprensa dos Estados Unidos e que quase perdeu o emprego de vocalista do Led Zeppelin:
"Dos quatro membros do Led Zeppelin, Robert Plant foi o mais brutalmente criticado (...) Cole relembra: ‘Foi uma coisa muito real se Robert ficaria mesmo no grupo após a primeira turnê, porque ele não parecia atender a expectativa de Pagey. Na época, havia uma possibilidade de que ele não faria outra turnê. Essa era a verdade ". **
A situação foi invertida. A palavra final agora depende do Robert Plant (mesmo considerando que o Led Zeppelin foi sempre a banda do Jimmy Page).


(*)http://www.stereogum.com/1682190/jimmy-page-is-fed-up-with-robert-plants-refusal-to-play-led-zeppelin-concerts-meanwhile-theyre-finally-getting-sued-for-ripping-off-stairway/news/
“I was told last year that Robert Plant said he is doing nothing in 2014, and what do the other two guys think? Well, he knows what the other guys think. Everyone would love to play more concerts for the band. He’s just playing games, and I’m fed up with it, to be honest with you. I don’t sing, so I can’t do much about it. It just looks so unlikely, doesn’t it?”*

(**) Stephen Davis, Hammer of Gods, p. 64.
"Of the four members of Led Zeppelin, it was Robert Plant savagely critized. (...) Cole recalls: 'It was a very touch-and-go thing whether Robert would even be in the group after the first tour, because he didn't quite seem to make it up to Pagey's expectation. At the time, there was a possibility he woudn't do another tour. That was the truth."**