sábado, 20 de setembro de 2014

HOLLYWOOD ROCK: NIRVANA & ALICE IN CHAINS

A pessoa deve saber quando sair de cena.
Não parece adequado insistir em algo que deu certo só para agradar o (s) outro (s).
Uma namorada, certa vez, demonstrou irritação com uma ex que queria voltar: “ela já teve a vez dela.”
Foco. Viver intensamente o aqui e o agora para não arrepender depois. Em suma... “timing”.
Ficar no arrependimento é, mais uma vez, perder o aqui e o agora.
Nem sempre existe paciência para lidar com gente inteligente, sensível e diferente.
Isso não significa deixar de perceber que a pessoa seria inteligente, sensível e diferente.
Já comentei que (quando vi o Nirvana ao vivo) estava sem paciência com Kurt Cobain e companhia e, se dependesse só de mim (não estava sozinho), teria ido embora mais cedo do estádio.
Valeu ficar e ver o bis com os músicos trocando de lugares (Kurt foi para a bateria!!) e tocando covers de bandas como The Clash e Duran Duran.
Não compreendo o fascínio de muitos pelo Foo Fighters ou pelo Pearl Jam. Já tentei, de fato, conhecer as duas bandas, especialmente no caso do ex-músico do Nirvana. Não deu.
Eu sou fã do Led Zeppelin e vejo com simpatia (apesar dos exageros) os elogios de Dave Grohl quanto ao histórico e importância do grupo inglês para o rock ‘n’ roll. Contudo, não consigo deixar de ver o Grohl como um adolescente deslumbrado que teve a sorte de tocar no Nirvana.
Gosto bem mais da postura do Krist Novoselic quando não insiste em criar um mega projeto para si mesmo a partir de um passado que era definido por Cobain.
Acho interessante a postura do “ok, aquele foi o momento e pronto”.
Sobre o meu mal estar diante do show do Nirvana no Morumbi, parece que eu não fui o único caso:
"110 mil pessoas e a maior multidão para a qual o Nirvana já tocou, tanto a equipe como a banda se lembram dele como a pior apresentação que já haviam feito."*
De acordo com Mariana Tramontina, se, no caso do show do Rio,
“partes (...) integram o registro ao vivo da banda ‘Live! Tonight! Sold Out!!’, lançado em VHS em 1994 e em DVD em 2006, (...) o show do Nirvana no Morumbi, no entanto, [tornou-se] um objeto de desejo dos fãs de toda parte do mundo. Em tempos quando não havia smartphone e que câmeras portáteis não eram tão acessíveis, pouco registro se tem daquela apresentação.”**
Naquele festival vi também Alice in Chains (AIL).
Não fui no último Rock in Rio. Lembro que estava num bar, em Uberlândia, e na televisão passava os shows do festival. Fiquei meio surpreso ao ver o AIL. O vocalista era outro (claro) mas tudo parecia mais uma banda cover do AIL do que o grupo original.
É a velha história do “aqui e agora” ou do “só se vive uma vez”. Ficar repetindo seria uma forma de continuar sobrevivendo e, ao mesmo tempo, de deixar de viver.
Pois é.
(*) Charles R. Cross, "Mais Pesado que o Céu", Apud, Mariana Tramontina, Há 20 anos, Nirvana fazia "pior show" da carreira no Hollywood Rock do grunge. http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2013/01/16/ha-20-anos-nirvana-fazia-em-sao-paulo-show-mais-surreal-e-emblematico-da-carreira.htm
(**) Mariana Tramontina, Há 20 anos, Nirvana fazia "pior show" da carreira no Hollywood Rock do grunge. http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2013/01/16/ha-20-anos-nirvana-fazia-em-sao-paulo-show-mais-surreal-e-emblematico-da-carreira.htm

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

DIRTY WORK

Em 1985, houve o Live Aid. Os Rolling Stones estavam lá, mas não tocaram juntos no evento. Keith Richards e Ron Wood subiram ao palco (bêbados, provavelmente) com Bob Dylan. Não deu certo. Mick Jagger quis brilhar ao lado da Tina Tuner. Como tudo parecia ser parte do seu plano maquiavélico, ele, pelo menos, se saiu melhor.

Keith Richards possui um ego “razoável” e costuma chamar este período como "a Terceira Guerra Mundial".

Ele e Jagger definitivamente não se entendiam na época.

O motivo era simples: o ego de Mick Jagger era maior (nenhuma referência ao órgão sexual masculino, já que Richards sempre divulgou para todos que, nesta área, seria necessário usar “uma lente de aumento” para identificar o Mick Jagger).

Jagger estava empolgado com a carreira solo que, no período, ele acreditava que poderia libertá-lo dos Rolling Stones e, apesar do pessimismo do John Lennon, levá-lo à vida adulta. Jagger errou e até hoje, aos 71 anos, ainda precisa dos Stones para sobreviver.

E, em 1986, Keith Richards ainda não sabia que poderia viver musicalmente sem a sua banda de rock (só depois, com o sucesso de sua carreira solo, percebeu que tinha vida própria). Ele queria um novo disco dos Stones. Jagger (pelos motivos aqui citados) não queria saber.

Desde a década de 1960 (e antes da existência do Led Zeppelin), quando precisava, Richards chamava o Jimmy Page. Fez isso em 1986. Além de Page, chamou amigos como Tom Waits, Jimmy Cliff, entre outros, e gravou o álbum dos Rolling Stones sem os músicos dos Stones.

Na hora da foto da capa do CD, porém, todos estavam lá. Richards não se importou, desde que ele ficasse no centro e o resto “na periferia” da imagem (inclusive Jagger). Isso foi feito e a foto fala por si.

“Dirty Work” tornou-se um dos meus álbuns preferidos dos Stones. Pesado, irônico, nada homogêneo (como uma vida adulta deve parecer).

Posteriormente, nas “tours” dos outros álbuns da banda, Jagger sempre pareceu evitar as músicas deste CD.

Quem se importa? Afinal, como aparece numa camiseta do Keith Richards na década de 1970:

“Who the fuck is Mick Jagger?”

© profelipe ™

SOLOS NO ROCK 'N' ROLL

O pior solo de baixo que vi (comentei aqui) foi o do Gene Simmons do Kiss em São Paulo no show em Interlagos.
 

O pior solo de bateria que vi foi no show do Ozzy no Rock in Rio. Foi uma vergonha o plágio do baterista em relação aos solos do John Bonham. O pior foi ouvir os comentários na hora (de metaleiros) dizendo que o cara seria original e revolucionário (não lembro - e nem quero saber - o nome do baterista do Ozzy naquele show). Toda a situação foi bem ridícula.
 

 O pior solo de guitarra - esse eu não vi ao vivo mas tenho que citar - foi o do Robert Plant (cara, você não é guitarrista...) no Rock and Roll Hall of Fame 1995... Eu já tinha visto o Plant ao vivo em 1994 e veria mais duas vezes em 1996... Em todas as oportunidades, ainda bem, ele não ousou tocar guitarra.

Nos cinco shows (Voodoo Lounge, Bridge to Babylon e A Bigger Bang Tour) que vi dos Rolling Stones no Brasil, Sir Mick Jagger também não ousou tocar guitarra ao vivo... Ainda bem ²
 

Agora de vocalista que se acha o máximo no palco, mas é, de fato, um saco, a disputa fica feia entre Paul Stanley e Bon Jovi.

O CINISMO DE ROBERT PLANT

Não defendo a volta do Led Zeppelin mesmo que fosse só para shows. Nem defendo a obsessão de Jimmy Page pelo dinheiro (até compreendo a infinita edição e as versões diferentes dos álbuns lançadas principalmente após a invenção do CD, mas beira ao absurdo essa história de “criar uma edição limitada de cachecóis com impressão das capas dos álbuns da banda”).

Isso, porém, é quase zero perto do cinismo do Robert Plant.

Lembro que ele, nas primeiras “tours” dos álbuns solos, se recusava a cantar músicas da ex-banda porque seria necessário provar que ele seria capaz de “voar” sozinho. Depois, Plant mudou de postura e incluiu as músicas da banda liderada por Jimmy Page em seus shows.

Quando Robert Plant foi convidado para fazer o (em moda na época) “unpplugged” da MTV sobre a sua carreira, chamou o Jimmy Page e transformou todo o projeto em algo do Led Zeppelin sem a presença de John Paul Jones - que era constantemente insultado nas entrevistas de Plant na época dos shows do “Unledded” – cujo título oficial (seria mais um insulto?) era “No Quarter’, a música que era identificada como o principal momento do John Paul Jones na banda.

Em 2007, o que era para ser uma homenagem para o executivo da Atlantic Records (como tantas outras que reuniam os três músicos do grupo), quando seriam tocadas algumas poucas músicas do Led Zeppelin sem utilizar o nome do grupo, Robert Plant transformou em um show de uma hora e meia COM o nome do Led Zeppelin.

Depois de todo o sucesso do show de 2007 (não era para ser diferente), Plant se irritava quando perguntavam se existiriam mais shows – ele que começou com essa história... Mais uma vez, falava que o seu interesse era o presente, com sua banda, e não o passado, com o Led Zeppelin.

Na Europa, esse discurso funcionava bem, mas quando Robert Plant resolveu fazer shows também na América do Sul, a estratégia foi alterada e ele voltou a aparecer como “o vocalista do Led Zeppelin”.

Eu vi a entrevista que ele deu quando disse que não havia projetos pessoais para 2010 e que estaria disposto a reunir com os ex-companheiros, dando a entender que tudo dependeria de Page e de Jones. O ex-baixista da Led Zeppelin ironizou e não caiu mais nas armadilhas e no cinismo do Plant: Jones não poderia reunir em 2010 porque teria feito compromisso em compor uma ópera...

Jimmy Page, ironicamente, tornou-se o ponto fraco e continuava a humilhação sem resultados diante do ex-vocalista do seu grupo na década de 1970.
Robert Plant resolveu lançar uma biografia oficial e – parecendo o Paul McCartney (que sempre usava o nome dos Beatles quando precisava chamar a atenção para si) – mais uma vez visitou o passado que tanto negou já no título do livro: “The Voice That Sailed The Zeppelin”.

Numa entrevista recente, ainda reclamou do Jimmy Page:

“Eu me sinto mal por ele. Ele sabe que sai nas manchetes se assim o quiser. Mas eu não sei o que ele está tentando fazer. Então eu me sinto levemente desapontado e perplexo.”

Manipulação? Cinismo? Como encontrar adjetivos para definir a postura de Robert Plant?

Imagino que o Jimmy Page deve se arrepender bastante de não ter demitido o seu vocalista após as críticas que ele sofreu na primeira “tour” do Led Zeppelin nos Estados Unidos:

“(…) the pop critics insulted his aria-like blues wails and his prissy, hyper-masculine posing. (…) Even Jimmy wasn’t absolutely positive about Robert. Cole recalls: ‘It was a very touch-and-go thing whether Robert would even be in the group after the first tour, because he didn’t quite seem to make it up to Page’s expectation. At the time, there was a possibility he wouldn’t do another tour. That was the truth.’” (Stephen Davis, Hammer of Gods, p.64)

Como foi dito no início, Jimmy Page nunca foi santo – ele odiaria ser rotulado assim porque sempre defendeu o ocultismo e era bastante crítico quanto ao cristianismo -, mas, diante do mal resolvido Robert Plant, o ex-líder e guitarrista poderia, se quisesse, até posar de vítima.