segunda-feira, 17 de março de 2014

MENSAGENS OBSCURAS & BEATLES



John Lennon criou os Beatles a partir de sua “banda de escola” (“Quarrymen”). Paul McCartney entrou no grupo em 1957. Um ano depois, entraria George Harrison. Os três guitarristas tornaram-se a base do que viria a ser “The Beatles”.
Ainda no final dos anos 1950, quando Lennon entrou na faculdade de Belas Artes, chamaram Stuart Sutcliffe para tocar baixo no grupo. Mudaram o nome para “Silver Beetles” e, depois, para Beatles. Antes de ir para a famosa temporada em Hamburgo, Pete Best tornou-se o baterista da banda. (Veja, fevereiro de 1964)
Sobre este período, John Lennon afirmou:
“Nossos melhores trabalhos nunca foram gravados. (...) éramos performáticos (...) em Liverpool, Hamburgo e outros salões de dança. O que nós criamos quando tocávamos rock tradicional era fantástico, e ninguém nos igualava na Grã-Bretanha.” (Rolling Stone, 1971, Apud, A Arte da Entrevista, p. 348)
Os Beatles só começariam a gravar discos em 1962, como quarteto e com Ringo Starr no lugar de Pete Best (Stuart Sutcliffe faleceu em 1961, quando já havia deixado o grupo).
Foi ainda em 1961 que os músicos tiveram contato com o empresário Brian Epstein, que mudou a imagem do grupo. Sobre os músicos, Epstein disse, em entrevista, em 1964:
“Acho que os tornei profissionais. Os Beatles são muito inteligentes, sagazes, mas não eram requintados. Trouxe isso para eles: elegância, habilidade organizacional e dinheiro. Primeiro, estimulei-os a tirar as jaquetas de couro e, então, proibi que aparecessem de jeans. Depois disso, fiz que usassem suéteres no palco e, por fim, com muita relutância, ternos.”  (Veja, fevereiro de 1964)
John Lennon aceitou, mas, posteriormente, reclamou das mudanças impostas por Brian Epstein:
“Você sabe, Brian vestiu-nos com ternos e todo o resto, e nós fizemos o máximo. Mas nós acabamos, você sabe. A música morreu antes mesmo de realizarmos a turnê de teatros na Grã—Bretanha. Sentíamo-nos um lixo, porque tínhamos que reduzir um show em uma ou duas horas e ele passava, de certo modo, a ter só vinte minutos, que eram repetidos todas as noites. Então a música dos Beatles morreu, os Beatles morreram como músicos. É por isso que nunca progredimos como músicos: matamos a nós mesmos para nos concretizarmos. E esse foi o fim.” (Rolling Stone, 1971, Apud, A Arte da Entrevista, p. 348)
Em outras palavras, a parte empresarial venceu o lado musical. Esse foi o preço da fama e da “beatlemania”. Esta opção, porém, tornou-se um problema com o suicídio de Epstein em 1967. Ele morreu com uma “overdose de comprimidos para dormir.” (BBC)*
Sobre a morte do empresário, John Lennon disse:
“Eu sabia, então, que tínhamos problemas. Na verdade eu não tinha quaisquer ilusões sobre nossa capacidade de fazer qualquer outra coisa além de tocar música, e eu estava apavorado.” (Rolling Stones, 1971, Apud, A Arte da Entrevista, p. 349)
Antes da morte de Epstein, os Beatles tinham lançado a sua obra-prima: “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Os músicos usavam vários tipos de drogas desde a época dos shows em Hamburgo. Isso gerou uma dúvida quanto a letra de “Lucy in the Sky with the Diamonds”, por causa do título com as iniciais de LSD e o conteúdo que retrava imagens bizarras. John Lennon esclareceu que não era disto que eles estavam falando:
“(...) gente que entendeu as iniciais de Lucy in the Sky with the Diamonds eram LSD e que eu estava falando de ácido.
(...) meu filho Julian veio um dia da escola com um desenho, feito por ele, de uma colega chamada Lucy. Ele tinha rabiscado estrelas no céu e chamou o retrato de Lucy in the Sky with Diamonds. Simples, não?
(...) [As imagens da música] eram de Alice no País das Maravilhas.” (Playboy, dezembro de 1980)

A polêmica era justificada porque os músicos de rock tinham o hábito de enviar mensagens “obscuras” em suas canções (inclusive os Beatles). John Lennon tratou do assunto:

“Já passei pela minha fase dylanesca há muito tempo, como músicas como ‘I am the Walruz’; o truque de nunca dizer o que você quer dizer, para dar a impressão de algo mais. Uma boa brincadeira.” (Playboy, dezembro de 1980)

Brincadeira ou não, as celebridades deveriam tomar mais cuidado com o que dizem ou fingem que dizem ao público. Elas servem de modelos (se isso seria correto ou não é outro problema) para muitas pessoas e influenciam os comportamentos de multidões.

No próprio caso dos Beatles, o famoso assassino Charles Manson dizia que as letras das músicas de John Lennon eram “mensagens para ele”, o que, claro, foi negado pelo “beatle” na entrevista para a revista Playboy em 1980.

(*)http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/august/27/newsid_3767000/3767499.stm

LANA DEL REY, POP MUSIC & NIILISMO



Compreendo o “elogio ao suicídio” presente na música pop desde, pelo menos, “My Generation” do The Who, que dizia algo como “espero morrer antes de ficar velho”. O vocalista e o guitarrista da banda não cumpriram a profecia da música.
O tumblr não existiria sem o niilismo da época atual e, claro, da problemática associada ao suicídio.
A mesma coisa acontece com o fenômeno das garotas tatuadas (bissexuais e “fora” do padrão da moda) do website Suicide Girls.
Neste contexto, pode entrar na categoria de “clássico” o álbum “Murder Ballads” do Nick Cave & The Bad Seeds, com a belíssima canção “Death Is Not The End”.

O tumblr é diferente da “felicidade photoshop” do facebook. Um nome, porém, aparece bastante em ambos espaços virtuais: Lana Del Rey. Ela é uma cantora pop que, em suas letras, fala também de suicídio, como em “Summertime Sadness”. Ela não é original e parece ter sido fabricada para ser aceita pelos jovens da atualidade. Parece que funcionou.

O “elogio ao suicídio” não significa que, de fato, as pessoas que se identificam com essa tendência queiram realmente suicidar. Elas continuam vivas, apesar de perceberam que a vida não faz sentido. Elas não querem fingir que são felizes o tempo inteiro (algo que ninguém é). Buscam o direito de ficar tristes e de poder conversar sobre a morte. Trata-se, neste sentido, de uma postura razoável.