quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ROBERT PLANT & LED ZEPPELIN


Robert Plant, no início de sua carreira solo, queria produzir algo independente do seu passado com o Led Zeppelin. Nos shows, não tocava músicas de sua ex-banda. Os três primeiros álbuns refletem essa fase: Pictures At Eleven (1982), The Principle Of Moments (1983) e Shaken 'n' Stirred (1985).
Plant participaria do Live Aid com Jimmy Page e John Paul Jones. Tocaram três músicas do Led Zeppelin, sem, contudo, utilizar o nome do grupo.
Somente em 1988, sobretudo com a influência de Phil Johnstone, Plant começaria, de fato, a assumir a influência do Zeppelin em sua carreira solo, contando, inclusive, com a participação de Jimmy Page em duas faixas de "Now And Zen".
Depois viria o álbum "Manic Nirvana" (1990) com fotos na capa que poderiam ter sido retiradas de shows da década de 1970.
A "tour" de "Fate Of Nations" (1993) passou pelo Brasil em janeiro de 1994. Vi o show do estádio do Morumbi. Muito bom. Havia uma mistura das canções da carreira solo e de músicas do Zeppelin.
Posteriormente, Plant foi convidado pela MTV para fazer um "unplugged". Sem o fantasma do ex-grupo (e talvez por insegurança mesmo), ele convidou o guitarrista Jimmy Page para participar do projeto. O resultado da parceira foram os álbuns "No Quarter" (1994) e "Walking Into Clarksdale" (1998).
"Mighty ReArranger" viria em 2005. No entanto, só em 2007 - e, mais uma vez, Plant não estaria sozinho - viria o premiado e excelente "Raising Sand", com Alison Krauss. No final de 2007, em 10 de dezembro, o vocalista faria outra reunião com os ex-companheiros para um show de duas horas em homenagem ao Ahmet Ertegun na O2 Arena em Londres. Na bateria, estava Jason Bonham. A novidade seria o uso pela primeira e única vez do nome Led Zeppelin. Foi um grande sucesso, o que levou aos questionamentos de uma possível "tour" (que foi recusada por Plant, que preferiu fazer os shows com Alison Krauss). O produto (CDs/DVDs) de 2007 somente seria lançado em 2012.
Em 2010, veio "Band Of Joy" e recentemente a "tour" com a "Sensational Space Shifters" (que passou pelo Brasil, assim como a "No Quater Tour").
Próximo passo? Robert Plant afirmou que está chegando numa idade que precisará de ajuda para atravessar a rua. Aposentadoria? Provavelmente não. Foi só mais uma desculpa para não fazer mais shows com os ex-companheiros do Led Zeppelin.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O TEMPO DO ZEPPELIN


O tempo do Led Zeppelin pode ser exato (1968-1980) ou não. 

Foram seis semanas de ensaios para o extraordinário show no O2 Arena em 2007. 

Foram, depois, mais cinco anos para produzir e lançar o show em filme e CDs. John Paul Jones fez uma referência ao conceito de tempo do Zeppelin, algo como 5 anos significariam 5 minutos.

Apesar de todo o tempo gasto e do sucesso do show de 2007, foi um único show e pronto. 

Houve propostas milionárias para uma "tour", mas o vocalista Robert Plant recusou a ideia. 

Os outros três membros até pensaram nesta possibilidade, mas logo John Paul Jones formaria o Them Crooked Vultures com Josh Homme e Dave Grohl e o projeto não iria para frente.

De fato, Jason, o filho de John Bonham, já havia tocado com o Led Zeppelin algumas vezes, inclusive no dia do seu casamento. Não havia novidade. 

Foi o baterista do álbum e da "tour" do "Outrider" do Jimmy Page. Jason Bonham conhece praticamente todos os piratas do Zeppelin e sabe exatamente como o seu falecido pai criava e tocava as músicas. Neste sentido, a sua performance no O2 Arena foi perfeita.

Como estilo próprio, no entanto, Jason nunca foi nem criativo e nem tão competente como o pai - basta ver, por exemplo, o seu solo de bateria em algum show da "tour" de "Outrider".

Ainda no que diz respeito ao sucesso de O2 Arena, merece destaque um depoimento de John Paul Jones: "O show parecia ser o primeiro de uma 'tour'." ("The show was felt like the first show of a tour.")

Não foi o que aconteceu. O Led Zeppelin foi uma banda da década de 1970 formada por quatro músicos que contavam com o apoio fundamental do empresário Peter Grant. Não foi por acaso, afinal, que no filme oficial do grupo em 1976 - "The Song Remains The Same" - apareciam cinco sequências de "fantasias": Grant, Robert Plant, Jimmy Page e John Bonham.

Com as mortes do baterista e do empresário, talvez realmente não teria sentido fazer uma "tour" ou mesmo gravar material inédito.

Assim, mesmo que por motivos pessoais, a decisão de Robert Plant preservou a memória da banda e reforçou o mito de um dos maiores grupos de rock da história.

sábado, 20 de outubro de 2012

TEXTO G1.GLOBO => 19/10/2012 Robert Plant no Rio

19/10/2012 04h22 Led Zeppelin ganha sotaque oriental em show de Robert Plant, no Rio
Ex-vocalista da banda britânica se apresentou na cidade nesta quinta (18).
Cantor fez novas versões para clássicos como 'Black dog' e 'Rock and roll'.
Henrique Porto Do G1 Rio


"Black mountain side", "The battle of evermore", "Four sticks", "Kashmir"… São vários os exemplos na obra do Led Zeppelin que mostram a influência da música oriental na sonoridade da banda. Mas Robert Plant, ex-vocalista do grupo britânico, levou essa proximidade até as últimas consequências durante o show realizado na noite desta quinta-feira (18), na HSBC Arena, no Rio.


Acompanhado pela recém-formada banda The Sensational Space Shifters, Plant simplesmente subverteu o repertório de seu antigo conjunto, eliminando o peso das guitarras outrora regidas pelo ex-parceiro Jimmy Page em detrimento de instrumentos como o ritti e o kologo, espécie de violino e banjo africanos, e o bendir, um tipo de tamborim.


Apesar de obter um resultado no mínimo intrigante, não seria exagero dizer que Plant decepcionou parte do público, que esperava por versões mais fiéis de canções do "Zeppelin de chumbo". Foi nítida a dispersão da plateia no setor mais caro, apelidado de "BudZone", em determinados momentos do show. Um quase "dar de ombros" para as mistura de blues e músicas celta, indiana e africana proposta por uma das vozes mais importantes da história do rock. Uma pena.


O cantor tinge com novas cores, de maneira muito autêntica, um repertório muitíssimo conhecido, reposicionando sua voz (hoje bem menos potente) em função dos novos arranjos. Bom exemplo são "Black dog" e "Rock and roll", clássicos absolutos do Zeppelin reconstruídos a partir das frases de ritti, executadas pelo sorridente Juldeh Camara — absolutamente nenhum dos antológicos riffs criados por Page são sequer citados. Um pouco mais próximas das versões originais, mas ainda assim com um acento oriental, aparecem "Gallows pole", "Ramble on", "Friends" e "Bron-y-aur stomp", canções mais acústicas e, talvez, mais apropriadas à nova fase do cantor.



A nostalgia não fica restrita apenas ao Zeppelin. Plant presta homenagens a dois velhos bluesmen cantando "44 blues" e "Spoonful", inspiradas nas versões de Howlin' Wolf; e "I'm your witchdoctor", quando relembra o inglês John Mayall e o chama de "herói". Ainda haveria espaço para "Who do you love", de Bo Diddley, num medley que se mistura com um pequeno trecho de "Whole lotta love" (outro clássico do Zeppelin) e "Steal away" e "Bury my body", de Al Kooper. Da carreira solo, pinça  "Tin Pan Valley", de seu álbum “Mighty rearranger", de 2005.


Mesmo nos blues, os improvisos acontecem menos nas guitarras e mais no banjo e no bandolim pilotados por Justin Adams e Liam "Skin" Tyson, além dos bebops de Camara. Plant é generoso com sua atual banda, formada ainda pelo baixista Billy Fuller, o baterista Dave Smith e o tecladista John Baggott.


Fato é que Robert Plantx, mesmo com tantos anos de estrada, conseguiu reinventar-se nesta nova turnê. E sem precisar abrir mão do valioso repertório do Led Zeppelin. Talvez por isso venha se recusando ao que seria uma financeiramente tentadora turnê de reunião do ex-grupo, ao lado de Jimmy Page, John Paul Jones e Jason Bonham (filho de John Bonham, morto em 1980), proposta pelo guitarrista em 2007. Plant já não precisa mais do dirigível.


O músico segue agora para Belo Horizonte, onde se apresenta no dia 20. Sua turnê brasileira faz escalas também em São Paulo (22 e 23), Brasília (25), Curitiba (27) e Porto Alegre (29).

sexta-feira, 13 de julho de 2012

DAZED AND CONFUSED

Algumas pessoas acreditam que "descobriram a América" ao fazer comparações das músicas do Led Zeppelin com antigas canções de blues.


O caso mais famoso foi o de "Whole Lotta Love". Posteriormente, Robert Plant reconheceu o plágio nas letras e o nome de Willie Dixion passou a constar nos créditos da música.


Escrevi um texto, uma vez, no qual tratava das limitações do letrista Plant diante da genialidade  musical de Jimmy Page.


Mas... e "Dazed and Confused"? Escrevi que esse poderia ser plágio de Page na medida em que o guitarrista do Led Zeppelin sempre admitiu que não escrevia letras para as músicas.


Apesar disto, nunca houve processo contra Jimmy Page. Somente em 2010, décadas depois, Jake Holmes tentou processar Page. Contudo, havia certas contradições no processo.


Primeiro, comparando o que seriam as duas versões, no website TMZ*, é dito: "os versos são diferentes". Ou seja, exatamente na parte que Jimmy Page poderia plagiar, ele foi original.


Segundo, Page sempre teve uma dedicação especial para essa canção. Se, em 1969, ela tinha pouco mais de 6 minutos, na sua versão ao vivo de 1973 - que aparece no filme "The Song Remains The Same" - ela chega a quase meia hora, ocupando um lado inteiro de um dos dois LPs lançados em 1976.


Terceiro, se era cópia, por que esperar mais de 40 anos para processar o guitarrista do Zeppelin? A pergunta e "a resposta" aparecem no mesmo website:


"o advogado de Jake Holmes não quis comentar." ("His attorney had no comment.")*


Sim, é inacreditável. Portanto, para buscar "a verdadeira" autoria de "Dazed and Confused", o susposto músico terá que apresentar um argumentação melhor. Enquanto isso, vale o que sempre existiu: a música e a letra são de um único autor: James Patrick Page.

* http://www.tmz.com/2010/06/29/led-zeppelin-dazed-and-confused-jimmy-page-lawsuit-jake-holmes/

ARCADIA & THE POWER STATION

  • Quando o assunto é "pop music", a maioria liga "a luz do preconceito". É razoável, admito.
  • Entretanto, na década de 1980, no auge de sua popularidade, os músicos do Duran Duran criaram dois projetos diferentes. Andy e John Taylor, com os músicos do Chic e com Robert Palmer, fizeram muito sucesso com "The Power Station". Fizeram e lançaram vídeos, mas o destaque foi a tour, com um show no Live Aid em 1985 (Michael Des Barres assumiria os vocais). O segundo álbum do grupo, "Living in Fear", sem o baixo de John Taylor mas com a volta de Robert Palmer não fez sucesso. Trata-se de um bom CD, mas que não agrada de imediato.
  • O outro projeto do Duran ficou por conta do Nick Rhodes, Simon Le Bon e Roger Taylor. O álbum "So Red The Rose" conta com várias participações especiais, como Sting, Grace Jones e David Gilmour. Não é um som pesado como o do Power Station, se for para rotular, estaria mais na linha do chamado "progressivo". É ótimo. A sonoridade é fantástica e fica clara a liderança de Nick Rhodes. Não houve tour. Os vídeos, porém, foram extremamente sofisticados e fizeram sucesso na MTV e foram lançado no formato VHS.
  • Após os projetos, os músicos do Duran se reuniram para o que seria o próximo álbum da banda, "Notorious". O quinteto tornou-se trio com as ausências de Roger e Andy Taylor. Essa tour passou pelo Brasil em janeiro de 1988. Eu vi o show do Rio. Maravilhoso. Além dos sucessos do Duran, tive o prazer de ver os músicos tocaram uma música tanto do Arcadia como do Power Station. Como Duran Duran, foram lançados outros álbuns, mas o auge seria mesmo o ano de 1985.

terça-feira, 26 de junho de 2012

MEDIOCRIDADE

  • É o caso de DAVID GILMOUR, ex guitarrista do Pink Floyd, que disse que a banda sustentou o Syd Barret por 30 anos. Gilmour "esquece" que ele NÃO estava na concepção do que seria o Pink Floyd e nem nos primeiros álbuns. Quando ele entrou no grupo, para substituir Syd, o Floyd já era sucesso. "Esquece" ainda que o dinheiro pago pela banda ao Syd tratava dos direitos do fundador da banda quanto aos primeiros discos. Roger Waters demonstra mais respeito ao tratar do tema.
  • O vocalista do Led Zeppelin, que foi muito criticado na primeira tour pelos Estados Unidos, o que levou ao líder da banda, Jimmy Page, em pensar em substituí-lo, assumiu depois do fim do grupo que teria copiado a letra de "Whole Lotta Love" e foi descoberto só porque tornou-se famoso, caso contrário... Para ROBERT PLANT, o problema não seria copiar o outro e sim ser descoberto.
  • Os músicos do YES demitiram o vocalista Jon Anderson e colocaram um vocalista de uma BANDA COVER - Benoit David - no seu lugar. David ficou doente e foi substituído por outro vocalista de banda COVER - Jon Davison do "Yes Roundabout".
  • Os músicos do QUEENSRYCHE demitiram o vocalista Geoff Tate, co-fundador do grupo, após 30 anos tocando juntos. Motivo: interesse econômico, pois Geoff Tate ficava com 25% dos lucros da banda.

domingo, 17 de junho de 2012

DAVE GROHL & LED ZEPPELIN



  • Eu sou fã do Led Zeppelin, fui membro de um fã-clube dos E.U.A, "Feathers in the Wind", e coordenei o jornal "The Rover" (1984-1986) aqui no Brasil. 
  • Digo isso pois acho que chega a ser constrangedora a "veneração" de Dave Grohl quanto aos músicos da banda. 
  • É verdade que a primeira vez que vi o Jimmy Page tocar ao vivo em São Paulo (com Robert Plant) fiquei tão impressionado que não lembro coisa alguma do show!!! Depois vi o show do Rio, e foi tudo OK.
  • Aliás, o meu primeiro disco do Led Zeppelin foi presente do meu pai em 1976 (ano do lançamento do LP). Com o salário do meu primeiro emprego, comprei o "In Through the Out Door" em 1979 (também ano do lançamento do disco).
  • Bons tempos? Para o Led Zeppelin, provavelmente. Para mim, a barra era muito pesada na década de 1970.

sábado, 31 de março de 2012

HEAVY METAL & RELIGIÃO

Até assistir ao show do B-52's com Tyma Weymouth and Chris do Talking Heads / Tom Tom Club e ouvir o álbum (pesado e bom) do Power Station (metade dos músicos eram do Duran Duran), eu admito que só ouvia heavy metal e achava todo o resto um lixo... Ainda tinha paciência para ouvir gente discutindo qual seria a melhor banda, guitarrista ou baterista do rock pesado...
Duas coisas sempre me chamaram a atenção nesse gênero:
1. Vi muitos shows e fui em alguns festivais. O número de homens sempre fui superior ao de mulheres, muito superior. Na primeira noite do metal no Brasil, no Rock in Rio, em 1985, parecia mais um grande pátio de prisão: basicamente homens vestidos de preto, muitas drogas e, claro, som pesado.
2. A associação do hevay metal com o diabo...
Os Rolling Stones escreveram "Sympathy For The Devil" em 1969  (a referência era Lúcifer).
Os músicos do Black Sabbath, a partir dos filmes de terror, resolveram escrever assim. Nunca foram ocultistas.
Os músicos do Led Zeppelin, especialmente o Jimmy Page, não escondiam a simpatia pelo ocultismo. Apesar de influenciar algumas letras da banda, Robert Plant tratou de outros temas nas músicas do Zeppelin.
Na sua origem, na década de 1950, o rock era tido como a "música do diabo". 
Talvez esses fatores tenham influenciado a associação do heavy metal com a figura do diabo. Como os representantes do cristianismo eram os principais críticos do  rock na década de 1950, a oposição à essa religião levaria ao seu oposto - o diabo.
O conceito de diabo é uma construção recente. Antes, havia outras religiões que se baseavam no dualismo do bem e do mal. De acordo com o documentário "Zeitgeist", todas foram influenciadas pela concepção do Egito Antigo (por por de 3.000 anos a. C.), que tinha "Hórus, sendo o sol ou a luz" e, por outro lado, existia Set "e Set era a personificação das trevas da noite."
Nesta perspectiva, a referência mais correta ao "mundo da trevas" seria Set e não o diabo (Lúcifer ou Satanás).

domingo, 25 de março de 2012

COZY POWELL

O Robert Plant, quando fala mal do Led Zeppelin, é pura inveja do Jimmy Page que era o líder e o principal responsável pelo som da banda.


No seu primeiro disco solo, "Pictures of Eleven", as duas melhores faixas são as que o Cozy Powell (amigo de John Bonham) toca na bateria: "Slow Dancer" e "Like I've Never Been Gone". Cozy Powell consegue lembrar o estilo de Bonham e, ao mesmo tempo, impor a sua maneira de tocar. Perfeito!!!


A sua insistência em resgatar a sonoridade do Led Zeppelin irritou o Plant, que chamou o óbvio Phil Collins para tocar no resto do álbum. Na sua primeira "tour" solo, Plant se recusava a cantar músicas do Zeppelin. Freud explicaria.


Eu vi o Cozy Powell tocar ao vivo uma vez, com o Whitesnake, na noite "heavy metal" do primeiro Rock in Rio. Impressionado com o radicalismo e pela quantidade dos chamados "metaleiros", David Coverdale avisou no início do show: "faremos o máximo de barulho possível." Com certeza, Cozy Powell contribuiu para isso, com muita qualidade, naturalmente.


Na mesma noite, eu fiquei muito irritado com o baterista do Ozzy, que no seu solo, copiou descaradamente o John Bonham ao tocar com as mãos... A maioria, menos avisada, achou que aquilo era algo inédito!!! Depois tentaram amenizar falando que seria uma "homenagem"... uma coisa bem diferente para quem estava lá e viu tudo ao vivo.


Anos depois, eu assistiria três shows do Robert Plant no Brasil. Mas isso, claro, é outra história. 

sábado, 3 de março de 2012

† PATRICIA MORRISON & THE SISTERS OF MERCY †

 † O álbum "Floodland" é um clássico e foi feito basicamente ao som do baixo de Patricia Morrison. Andrew Eldritch havia trabalhado com ela no projeto do Sisterhood. Não houve tour para o "Floodland". Para o que seria o próximo álbum, "Vision Thing", não seriam só vídeos promocionais. Nos ensaios, havia um novo membro na banda: o guitarrista Andreas Bruhn.
† Os primeiros shows da nova fase, em1990, seriam no Brasil. Dos cinco shows, eu vi três, um em São Paulo e dois no Rio. Isso significa que quase vi a Patricia Morrison tocar ao vivo (o sonho de qualquer fã). 
† No entanto, Eldritch tinha outros planos. Iria fazer um álbum com base no som de guitarras e não do baixo - o que desagradou muita gente. Andreas Bruhn era o "cara". Demitiu Patricia Morrison e chamou para o seu lugar - revolta geral !! - o inexpressivo, falso e odiado Tony James, ex-líder da banda "fake" Sigue Sigue Sputnik.
† Assim, a formação que tocou no álbum e que veio ao Brasil foram os três, mais o guitarrista Tim Brechno (ex-All About Eve) e, claro, Doktor Avalanche.
† Tony James foi demitido ainda durante a "Vision Thing Tour". Não entrou outro baixista. Esse seria mais um trabalho para Doktor Avalanche.
† O grupo teve várias formações depois disto. No show que vi no Circo Voador, em 2006, não havia baixista. Em algumas músicas, contudo, um dos guitarristas tocava o contra-baixo.

domingo, 22 de janeiro de 2012

ROCK - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA SOCIAL DO ROCK *

(*) Este texto foi escrito originalmente em 2003.


Não seria possível escrever a história do século XX sem tratar do rock and roll. Isso não significa dizer que ele representou um movimento revolucionário como aqueles que aconteceram na Rússia (1917) ou em Cuba (1959). As mudanças do rock foram diferentes. Elas representavam mais uma transformação no comportamento da sociedade.


Sabemos que a década de 1950 foi o período da guerra fria. De um lado, havia o comunismo, que era mostrado como uma ditadura e, de outro lado, o capitalismo, que era identificado como sinônimo de democracia. A realidade, contudo, não era tão simples. Por trás do "American way of life", havia o racismo, o preconceito contra os pobres e uma política externa que apoiava as ditaduras na América Latina.


Não existiria o rock sem o blues, sendo que esse último sempre esteve associado ao sofrimento dos escravos. Na verdade, o blues lembra os sons da África e as contradições do processo de colonização. Apesar das origens negras, o primeiro grande ídolo do rock não foi Chuck Berry ou Little Richards, mas sim Elvis Presley. Ser branco, contudo, não facilitou as coisas para Presley nos anos cinqüenta. Em suas entrevistas, ele tentava explicar que o rock não era um movimento perigoso para a sociedade. Tratava-se de um contexto - o da Guerra Fria - em que a juventude americana precisava ser protegida das idéias diferentes. 


No caso do rock, essas idéias viriam dos negros. Rock e racismo: estes problemas mostravam outra realidade dos Estados Unidos, além daquela ideologia pregada na Guerra Fria. Havia ainda o movimento beatnic. As suas idéias, poesias e experiências foram fundamentais para mudar o comportamento das pessoas.


Provavelmente não existiria o movimento hippie sem as idéias da geração beat. Mas certamente na década de 1960 surgiria um novo movimento social, inclusive, com novos ídolos. Eles viriam da Inglaterra, com destaque para os Beatles e os Rolling Stones. De fato, com os Beatles, o rock acabou tornando-se uma música internacional para adolescentes. Tudo isso significava, claro, uma mudança de comportamento, sobretudo com as bandeiras do sexo, drogas e rock n´roll. Os Beatles, por exemplo, não compunham somente músicas com temáticas amorosas. Eles também escreviam canções como "Lucy in the Sky with Diamonds" (com letras que estavam associadas ao uso de LSD). Havia ainda as letras como "My Generation" do The Who e "Simphaty for Devil" dos Rolling Stones.


De fato, na década de 1960, se de um lado, deve ser considerado que o rock não era uma música para "anjos", de outro, pode ser afirmado que ele tentava apresentar algumas respostas para a sociedade. Os jovens viviam em comunidades hippies, com novos valores e poucas regras. A sexualidade significava liberdade. O feminismo lutava pelos direitos das mulheres. Havia também os protestos contra o racismo. O mundo estava mudando: 1968 na França, protestos na Tchescolováquia contra a ditadura comunista, o festival de Woodstock nos Estados Unidos e existiam os movimentos de esquerda na América Latina (tentando repetir a experiência cubana de 1959).


Não há corno negar que o rock mudou o comportamento das pessoas. Contudo, isso não representou mudanças políticas significativas. Isso é verdade sobretudo se considerarmos o contexto da década de 1970, quando as pessoas deixaram de acreditar na revolução. No rock, tratava-se do período do heavy metal e do som progressivo. A música tornara-se mais importante do que as letras. Isso era claro na sonoridade sinfônica do som progressivo e no "barulho" dos grupos de heavy metal. Um exemplo seria o Led Zeppelin, com a música "The Song Remains The Same", que, apesar da criatividade sonora, apresentava letras simplistas e sem sentido:


"I had a dream. Crazy dream.
Anything I wanted to know, any place
I needed to go
Hear my song. People won´t you listen now? Sing along.
You don't know what you´re missing now."


O que significaria essa letra? Provavelmente nada. O importante era o som. A voz de Robert Plant aparecia corno um instrumento na música e a importância das letras era colocada para um segundo plano. Algumas pessoas poderiam argumentar que, no caso do Led Zeppelin, havia letras interessantes em canções como "Stairway To Heaven" e "Rain Song". Mas, nesses casos, como nas letras do rock progressivo, as músicas tratavam de amor ou de coisas "sobrenaturais" e não do cotidiano das pessoas.


Com o movimento punk, na década de 1970, esse quadro mudou. Eles não eram verdadeiramente músicos. Na verdade, o que importava era o barulho. As letras eram fundamentais, quando eles protestavam contra os "velhos" ídolos do rock (como Led Zeppelin ou Rolling Stones) e mesmo contra as regras da sociedade. O punk era muito mais do que um simples movimento musical - era um estilo de vida. A letra de "Anarchy in the U.K." pode representar bem esse contexto:


"I'm an antichrist
I'm an anarchist
I don't know what I want
But I know how I get it
I wanna destroy"


A combinação entre o anarquismo e o rock não transformam automaticamente o punk num movimento social significativo. Mas, não há como negar que, com o punk, o rock voltava a representar aquilo que era na sua origem: uma música de protesto - quando não só os músicos importavam, mas a reação do público fazia parte do espetáculo. Isso foi verdadeiro nos anos cinqüenta e setenta do século XX. O punk não foi o último movimento do rock. Depois dele, vieram estilos bastante diferentes, como a música disco, a new wave, o hip hop, entre outros. O rock tornou-se importante para a indústria da música. Os músicos ficaram milionários.


A música que tentava mudar a vida das pessoas transformou-se numa máquina de fazer dinheiro no capitalismo. Esse era o problema: usar o rock como protesto era uma forma de gerar mais lucro para as gravadoras e para os artistas. Passou-se a vender de tudo: discos, camisetas, ingressos, refrigerantes... O rock tornou-se um produto como outro qualquer. Os jovens de Woodstock transformaram-se nos pais conservadores da década de 1980. Apesar de ser outro período, o rock deixou de representar uma surpresa ou um símbolo de protesto. Os anos oitenta eram os anos dos yuppies. O dinheiro era a única coisa que importava. A música disco e a new wave eram a trilha sonora desta época.


Em suma, podemos dizer que as letras do rock não tentaram demonstrar um ponto de vista político de esquerda. Havia as canções de Bob Dylan ou as letras do punk, mas elas não representavam a maioria. Isso não significa, porém, que o rock não foi importante na mudança do comportamento da juventude na segunda metade do século XX.