Escrever sobre os Rolling Stones é difícil. Afinal, eles ainda estão
por aí, com mais de 70 anos, lançando álbuns e fazendo shows. Se alguém
deseja saber algo, bastaria perguntar diretamente para os músicos.
Existem inúmeros livros e artigos sobre o grupo, sem falar das entrevistas, filmes, CD-ROMs e muitos outros tipos de fontes.
Portanto, não é uma tarefa fácil escrever algo novo ou apresentar uma análise interessante sobre a banda.
Mesmo assim, não custa tentar.
Quando vou beber e fumar no meu lugar favorito atualmente – a Tabacaria
Be Happy-, levo um livro de bolso do Hervé Guilhemont (Rolling Stones,
Paris: Editions Prelude e Fugue, 1997).
Não é uma obra prima, mas é um autor francês analisando um grupo de rock inglês.
Gosto de ler em francês, gosto da praticidade do livro de bolso, então, nada mais indicado para uma tabacaria.
Interessei-me mais pela década de 1980 porque foi quando Mick Jagger
começou a lançar os seus discos solos (contra a vontade de Keith
Richards).
O vocalista dos Rolling Stones acreditava, na época,
que poderia sobreviver sem a banda na medida em que ele era a principal
estrela do grupo. Isso é comum em grupos de rock. No caso da banda
inglesa, havia o outro lado – com uma personalidade forte e o verdadeiro
responsável pela música dos Stones – Mr. Keith Richards.
Foi uma
batalha entre os dois. O auge talvez tenha sido 1985, ano do Live Aid,
quando até os músicos do Led Zeppelin se reuniram para o evento mas os
Rolling Stones não se apresentaram juntos no festival. Mick Jagger
preferiu cantar com a Tina Turner enquanto Keith Richards e Ron Wood
subiam ao palco (visivelmente embriagados) com Bob Dylan.
É dessa
época um dos melhores discos do grupo: “Dirty Work”. Keith Richards
concebeu e fez o disco praticamente sozinho, sem o envolvimento dos
outros membros da banda. A capa do álbum fala por si.
Para obter
o resultado final em “Dirty Work”, Richards contou com a ajuda de
amigos como Jimmy Page, Tom Waits, Jimmy Cliff, entre outros.
Aliás, Jimmy Page havia participado de outros alguns dos Rolling Stones,
quando trabalhava como músico de estúdio. Além da amizade, havia algo
em comum entre o guitarrista do Led Zeppelin e Keith Richards: o lado
“selvagem” das excursões e dos shows, com o excesso de bebidas, drogas e
groupies. Charlie Watts confirmaria tal hipótese quando foi questionado
sobre a fama de “bad boys” dos Rolling Stones:
“Somos
comportados, na verdade, quando somos comparados com outros grupos –
basta você ouvir as histórias -, os músicos do Led Zeppelin eram muito
piores do que nós.” (Musik, July 2000, p. 176)
Jimmy Page não foi
tão longe no uso da heroína como Keith Richards. Nem o guitarrista dos
Stones viveu tanto o cenário das groupies como Jimmy Page. No entanto,
os dois souberam aproveitar bastante os anos 1970.