Os anos 1970
poderiam ser definidos, em termos de rock n roll, em duas palavras: Led Zeppelin. Essa banda era sinônimo
de excessos: qualidade musical, groupies, misticismo, violência...
A década de 1970
não era exatamente uma época de grande liberdade, principalmente aqui no Brasil, quando havia uma ditadura
militar.
Ser adolescente,
naquele período, era assumir riscos por coisas que hoje são consideradas
aceitáveis e normais.
Os dois caminhos para os considerados rebeldes eram, num
primeiro momento, passar uma temporada numa clínica psiquiátrica e, depois, caso não aceitasse a “normalidade”,
o segundo caminho era basicamente ir para a prisão.
Representantes de igrejas
evangélicas tentavam aceitar e recuperar os rebeldes. Elas apareciam como
lugares “seguros” para debater as crises da adolescência. Havia dilemas, claro,
porque elas significavam o oposto do mundo do rock n roll. Alice Cooper e Black Sabbath eram vistos como mensageiros do “lado
negro” e, portanto, não era aceitável ouvir as suas músicas ou ouvir os seus
discos. Na verdade, com essas bandas, era mais teatro. O que as pessoas nem
sempre percebiam, obviamente, era que os verdadeiros
envolvidos com misticismo e até magia negra era os músicos liderados
por Jimmy Page no Led Zeppelin.
Não seria possível viver a adolescência numa década
tão complexa e cheia de riscos, sem adquirir alguns traumas que reaparecem em pesadelos da vida adulta.
Tudo isso foi dito para reconhecer que ter tido tantas
experiências naquela época influenciou numa decisão tola. Em um festival de
rock, tive a oportunidade de ver o show do Alice
Cooper. Era um dos “headliners”. Vi todas as bandas, mas antes do show do
Alice Cooper, resolvi ir para o hotel descansar.
Teria que me contentar, posteriormente, com os DVDs da banda,
quando sempre questiono se a decisão de não ver o show teria sido a mais
acertada. Mas... Enfim... Talvez Freud explicaria... Passou e pronto.