John
Lennon criou os Beatles a partir de sua “banda de escola” (“Quarrymen”). Paul McCartney entrou no grupo em 1957. Um ano depois, entraria George Harrison. Os três guitarristas
tornaram-se a base do que viria a ser “The Beatles”.
Ainda no final dos anos
1950, quando Lennon entrou na faculdade de Belas Artes, chamaram Stuart Sutcliffe para tocar baixo no
grupo. Mudaram o nome para “Silver Beetles” e,
depois, para Beatles.
Antes de ir para a famosa temporada em Hamburgo, Pete Best tornou-se o baterista da banda. (Veja, fevereiro de 1964)
Sobre este período, John Lennon afirmou:
“Nossos
melhores trabalhos nunca foram gravados. (...) éramos performáticos (...) em
Liverpool, Hamburgo e outros salões
de dança. O que nós criamos quando tocávamos rock tradicional era fantástico, e
ninguém nos igualava na Grã-Bretanha.” (Rolling Stone, 1971,
Apud, A Arte da Entrevista, p. 348)
Os Beatles só
começariam a gravar discos em 1962, como quarteto e com Ringo Starr no lugar de Pete Best
(Stuart Sutcliffe faleceu em 1961, quando já havia deixado o grupo).
Foi ainda em 1961 que os músicos tiveram contato com
o empresário Brian Epstein, que
mudou a imagem do grupo. Sobre os músicos, Epstein
disse, em entrevista, em 1964:
“Acho
que os tornei profissionais. Os Beatles
são muito inteligentes, sagazes, mas não
eram requintados. Trouxe isso para
eles: elegância, habilidade organizacional e dinheiro. Primeiro, estimulei-os a
tirar as jaquetas de couro e, então, proibi que aparecessem de jeans. Depois
disso, fiz que usassem suéteres no palco e, por fim, com muita relutância, ternos.” (Veja, fevereiro de
1964)
John
Lennon aceitou, mas, posteriormente, reclamou das mudanças
impostas por Brian Epstein:
“Você
sabe, Brian vestiu-nos com ternos e
todo o resto, e nós fizemos o máximo. Mas nós acabamos, você sabe. A música
morreu antes mesmo de realizarmos a turnê de teatros na Grã—Bretanha. Sentíamo-nos um lixo, porque tínhamos que reduzir um show em uma ou duas horas e
ele passava, de certo modo, a ter só vinte minutos, que eram repetidos todas as
noites. Então a música dos Beatles morreu, os Beatles morreram como músicos. É
por isso que nunca progredimos como músicos: matamos a nós mesmos para nos
concretizarmos. E esse foi o fim.” (Rolling Stone, 1971,
Apud, A Arte da Entrevista, p. 348)
Em outras palavras, a
parte empresarial venceu o lado musical. Esse foi o preço da fama e da “beatlemania”. Esta opção, porém, tornou-se um
problema com o suicídio de Epstein em 1967. Ele morreu com uma “overdose
de comprimidos para dormir.” (BBC)*
Sobre a morte do
empresário, John Lennon disse:
“Eu
sabia, então, que tínhamos problemas. Na verdade eu não tinha quaisquer ilusões
sobre nossa capacidade de fazer qualquer outra coisa além de tocar música, e eu
estava apavorado.” (Rolling Stones, 1971, Apud, A Arte da Entrevista, p. 349)
Antes da morte de Epstein, os Beatles tinham lançado a
sua obra-prima: “Sgt. Pepper’s Lonely
Hearts Club Band”. Os músicos usavam vários tipos de drogas desde a época
dos shows em Hamburgo. Isso gerou uma dúvida quanto a letra de “Lucy in the Sky with the Diamonds”, por causa
do título com as iniciais de LSD e o
conteúdo que retrava imagens bizarras. John Lennon esclareceu que não era disto
que eles estavam falando:
“(...) gente
que entendeu as iniciais de Lucy in the Sky with the Diamonds eram LSD e que eu estava falando de ácido.
(...) meu
filho Julian veio um dia da escola com um desenho, feito por ele, de uma colega
chamada Lucy. Ele tinha rabiscado estrelas no céu e chamou o retrato de Lucy in the Sky with Diamonds. Simples, não?
(...) [As
imagens da música] eram de Alice no País das Maravilhas.” (Playboy, dezembro de 1980)
A polêmica era justificada porque os músicos de rock tinham o hábito de enviar mensagens “obscuras” em suas canções (inclusive os Beatles). John Lennon tratou do assunto:
“Já passei pela minha fase dylanesca há muito tempo, como músicas como ‘I am the Walruz’; o truque de nunca dizer o que você quer dizer, para dar a impressão de algo mais. Uma boa brincadeira.” (Playboy, dezembro de 1980)
Brincadeira ou não, as celebridades deveriam tomar mais cuidado com o que dizem ou fingem que dizem ao público. Elas servem de modelos (se isso seria correto ou não é outro problema) para muitas pessoas e influenciam os comportamentos de multidões.
No próprio caso dos Beatles, o famoso assassino Charles Manson dizia que as letras das músicas de John Lennon eram “mensagens para ele”, o que, claro, foi negado pelo “beatle” na entrevista para a revista Playboy em 1980.
(*)http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/august/27/newsid_3767000/3767499.stm