domingo, 29 de maio de 2011

KISS

O grupo Secos & Molhados revolucionou a MPB na sua curta existência. Em plena ditadura militar, músicos mascarados e andróginos confundiram e excitaram o imaginário nacional. O auge foi em 1973. Nos Estados Unidos, em fevereiro de 1974, era lançado o primeiro álbum de outra banda de mascarados: o Kiss. A primeira diferença seria que o grupo norte-americano existe até hoje. Existe uma certa polêmica se eles copiaram a idéia das máscaras dos Secos & Molhados ou não. Os membros do Kiss já falaram que eles foram influenciados pelo teatro japonês. De fato, porém, antes deles lançar o primeiro LP, a banda brasileira já era um grande sucesso e a hipótese de cópia do Kiss não parece ser absurda.


Os músicos do Kiss tiraram as máscaras a partir do álbum "Lick It Up". Antes eles escondiam as suas identidades e não apareciam em público sem as máscaras. Foi o disco sem dois membros originais da banda: o baterista Peter Criss e o guitarrista Ace Frehley. Foi também o início de um período de decadência do grupo, reconhecida atualmente pelos próprios músicos. Foram quase duas décadas de discos e músicas inexpressivas, além de ocorrer a troca de músicos, exceto os considerados donos do Kiss: o baixista Gene Simmons e o guitarrista Paul Stanley. 


As coisas mudaram quando foram gravar o "unppluged" da MTV e convidaram os antigos músicos da fase original. Fizeram uma apresentação usando as máscaras, como na década de 1970 e foi uma grande sucesso. Gravaram um cd com os quatro músicos - "Psico Circus" - e fizeram uma "tour" mundial. Entretanto, mesmo com o sucesso, como havia ocorrido antes, os conflitos internos predominaram e houve as saídas de Peter Criss e Ace Frehley. A diferença, desta vez, foi que os novos músicos utilizariam as mesmas máscaras de Criss e Frehley, representados, respectivamente, como "The Catman" e "Space Ace". Os outros personagens seriam "The Demon" (Gene Simmons) e "Starchild" (Paul Stanley). Na primeira vez que foram substituídos no Kiss, a opção havia sido outra: o guitarrista Vinnie Vincent usou a sua própria máscara e o mesmo aconteceu com o baterista Eric Carr. 


Uma observação sobre os personagens originais: apesar de ser "The Catman", Peter Criss utilizava um grande crucifixo no peito, nos primeiros shows. Posteriormente, ele tatuaria o crucifixo no braço. Talvez ele tentasse ser um contra-ponto ao personagem de Gene Simmons - "The Demon" -, que gerava mais polêmica e levava as pessoas a associaram a banda com o ocultismo, descrevendo as iniciais do nome do grupo como "Kings (ou Kids) In Satan's Service". O último show dos músicos, usando máscaras, foi no Brasil, no Maracanã. Na época, em Belo Horizonte, houve protestos de religiosos contra os shows do grupo no país.