quarta-feira, 25 de março de 2015

QUEEN

Quando eu era o coordenador do The Rover (fã clube do Led Zeppelin), um amigo me disse que gostava muito do Queen, mas de tanto eles falarem do Led Zeppelin, ele tornou-se fã do grupo de Jimmy Page.
Falando das diferenças entre ele, Brian May, e Anita Dobson, quando a conheceu, May admitiu que naquela época ele nunca imaginaria que poderia ficar com alguém que não gostasse do Led Zeppelin:
"I didn’t think that I could ever be with someone who didn’t like Led Zeppelin!.” (!998)
Existe um outro depoimento em que Brian May é mais claro:
“Eu sou o maior fã do led Zeppelin do mundo. A música, a maneira como eles conduziam tudo, toda a estrutura de organização por trás do grupo – eles eram perfeitos. O Queen sempre tocava The Immigrant Song nos ‘sound-checks’ só pela glória do som.”
Eu não gostei quando o Brian May e o Roger Taylor decidiram seguir com a banda mesmo após a morte de Freddie Mercury. Primeiro, criaram o Queen + Paul Rodgers e depois foi a vez do Queen + Adam Lambert.
Em suma, essas mudanças foram polêmicas e muitos fãs não aprovaram tais projetos.
Só depois que fui ler um pouco da vida do Brian May após a morte de Freddie Mercury que pude compreender melhor tudo. A vida do guitarrista simplesmente desabou na época. De acordo com o Daily Mirror de 16 de março de 2012:
“A trágica morte de Freddie Mercury de Aids em 1991 desencadeou uma depressão, que culminou com (...) pensamentos suicidas.”
Não foi fácil para Brian May. Não foi só a morte do vocalista que o levou à depressão:
"O meu pai morreu e tudo aconteceu de uma vez, (...) Perdi um dos meus amigos mais próximos, eu perdi a banda, que era como uma família, eu perdi o meu casamento. Tudo no mesmo ano."
Reconstruir a vida pessoal e retomar a vida profissional não foram tarefas fáceis para o guitarrista do Queen. Não é qualquer que vence uma depressão. Por tudo isso, atualmente, eu tiro o chapéu para o Mr. Brian May.

terça-feira, 24 de março de 2015

PRINCE

Ben Greenman escreveu um belo texto sobre o novo álbum do Prince e sobre a trajetória do artista.
Sempre fui fã do Prince. Comprei VHS, DVDs, CDs e discos.

Algumas vezes (em histórias bem estranhas), tive que comprar o mesmo álbum algumas vezes - como foi o caso do CD triplo "Emancipation" que comprei inicialmente numa loja em Uberlândia e ele foi roubado (junto com outros CDs) numa sacola ao lado da piscina no clube da cidade;
posteriormente, comprei o "Emancipation" em Berlim, ficou satisfeito de ter encontrado novamente o álbum mas... esqueci o "box" numa lanchonete qualquer;
não desisti e comprei o mesmo produto pela terceira vez e é essa a versão que possuo até hoje.

Tive o privilégio de ver o Prince nas únicas duas vezes que tocou no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Eu sabia da importância dos eventos e me recusei em levar a máquina fotográfica porque queria me concentrar só nos shows. Fantásticos, por sinal.

Sobre a crítica de Ben Greenman, ele a encerra com as seguintes palavras:

"Mas esse homem negro está neste estado: ele está na casa dos cinquenta, às voltas com a solidão, o envelhecimento, a inspiração criativa, a auto dúvida numa paisagem cultural que muda, e diante dos dilemas do amor. Com sorte, diante de tudo isso, ele também é o Príncipe."*

Razoável.


(*)Ben Greenman. A Legitimately Magical Prince Album. The New Yorker. September 29, 2014. http://www.newyorker.com/culture/culture-desk/legitimately-magical-prince-album?utm_source=tny&utm_campaign=generalsocial&utm_medium=twitter&mbid=social_twitter

The Sensational Space Shifters

Vi o Robert Plant ao vivo (Morumbi e Pacaembu) na década de 1990. Não fui ao show de 2012 e não pretendo ir nesse agora de 2015.
Por curiosidade, de qualquer maneira, resolvi ver o show que ele fez no México recentemente (no YouTube).
“Rock and Roll”, irreconhecível, foi a última das 12 músicas, sendo que 5 (quase a metade) eram canções do Led Zeppelin.
Chamou a minha atenção o seu símbolo (da época do Led Zeppelin IV) desenhado na bateria.
Li, mais uma vez (nesta tour), comentários maldosos do Plant sobre o John Paul Jones.
Jonesy, com razão, nem deve tomar conhecimento. Aliás, quem efetivamente se importa com o suposto humor inglês do ex-vocalista do Led Zeppelin?
Talvez só mesmo o Robert Plant insista que o seu passado musical da década de 1970 não seria importante agora na sua carreira solo, mesmo considerando que todas as evidências demonstrem o contrário.

© profelipe ™ 24-03-2015

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Bob Dylan e o Led Zeppelin

Peter Grant não era um exemplo de homem educado. Ao contrário. Ele tinha fama de um gangster violento. Ele aparece assim no filme do Led Zeppelin. A sua relação com Jimmy Page, porém, vinha desde a época dos Yardbirds. Nada havia mudado (como lembra a jornalista Chris Welch):
“Na verdade, ele [Peter Grant] tinha um prazer diabólico ao oferecer proteção física aos seus jovens e vulneráveis músicos. Quando uns marinheiros começaram a zombar do Jeff Beck, com seu longo cabelo, e de Jimmy Page, durante uma viagem aos Estados Unidos, na época do Yardbirds, Peter entraria em ação. Ele lembraria mais tarde:
‘Nós três estávamos voando para Miami, me virei e ouviu esses caras. Um deles parecia ser durão, então levantei o sujeito pelo braço e disse:
- Ok, qual é o seu problema Popeye? E o outro correu na hora…’” (Chris Welch, Peter Grant: The Man Who Led Zeppelin)

Por outro lado, Peter Grant teria sido vítima de um fato inusitado:
“Depois de se apresentar ao Bob Dylan em uma festa de LA, Grant ofereceu um caloroso aperto de mão. ‘Eu sou Peter Grant, empresário do Led Zeppelin’, disse ele. Dylan respondeu: ‘Eu não te procuro com os meus problemas, certo?’”*
Bob Dylan era direto e não fazia questão de ser cordial com os outros. Entretanto, não dava para compreender tamanha indelicadeza e de forma tão gratuita.
Jimmy Page, em uma de suas entrevistas em 2014, deu um depoimento que poderia esclarecer a visão que Dylan tinha dele (e provavelmente do Led Zeppelin):
“Para ser realmente honesto, eu gostaria de ter trabalhado com Bob Dylan. Ainda há tempo, mas houve um período em que eu realmente gostaria de ter trabalhado com ele. Na época, ele tinha feito a sua conversão ao cristianismo e todos achavam que eu era o diabo encarnado. Talvez ele poderia pensar que essa não seria a melhor [ideia]. Ele pode ter imaginado que seria como misturar água e óleo, mas, na verdade, em termos musicais, eu teria sido muito bom para ele.”
Quando teve a sua aproximação com o cristianismo (na década de 1970), Bob Dylan teria escolhido o caminho oposto ao de Jimmy Page. O guitarrista do Led Zeppelin defendia o ocultismo e fazia muitas críticas à religião cristã. O seu grupo poderia como "um símbolo" do que ele pensava e isso aparecia nas imagens e nas letras apresentadas da banda.
Neste contexto, não havia possibilidade de uma parceria musical entre Bob Dylan e Jimmy Page (como ele afirmou no depoimento em 2014). A distância que Bob Dylan queria do Led Zeppelin, pelo visto, apareceu ainda no tratamento grosseiro dado ao empresário da banda.
Não existe cordialidade nas ações das pessoas envolvidas nesta história. Peter Grant foi vítima de uma grosseira de Bob Dylan, mas ele próprio se orgulhava da maneira hostil e violenta que utilizava no tratamento dos outros (no sentido de atender os interesses do Led Zeppelin).

(*) http://www.reddit.com/r/todayilearned/comments/rejzs/til_once_introducing_himself_to_bob_dylan_at_an/

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

THE ROLLING STONES: MÚSICA & POSE

É verdade que Keith Richards traiu Brian Jones e conspirou com Mick Jagger para os dois assumirem a liderança dos Rolling Stones.
É certo também que Keith Richards “roubou” a namorada de Brian Jones, Anita Pallenberg.
Aliás. ele gosta de lembrar esses fatos para reforçar a sua imagem de “bad boy”. Para completar, nas entrevistas, o guitarrista dos Stones gosta de dar apelidos femininos ao vocalista da banda e adora afirmar que Jagger seria “a sua esposa”.
As poses e os discursos de Keith Richards, porém, não possuem uma base completamente verdadeira.
Houve uma época em que os dois parceiros (e amigos desde a adolescência), Jagger e Richards, namoravam, respectivamente, as belas Marianne Faithfull e Anita Pallenberg. [ver foto]
O que parecia perfeito, obviamente, ficava só na aparência.
A produção do filme “Performance” serviu para desmistificar toda a pose de Keith Richards:
“Mick foi além dos limites. Dia após dia, enquanto Keith ficava de cara amarrada esperando em seu Roll-Royce estacionado em frente da casa de Lowndes Square, em Londres, onde ‘Perfomance’ era filmado no segundo semestre de 1968, Mick mantinha um caso tórrido com Anita – a melhor amiga de Marianne Faithfull, namorada de Mick na época.” (Robert Greenfield, Memória do Exílio, Rolling Stone, Março 2007, p. 70)
Por outro lado, Mick Jagger (apesar das várias esposas, filhos, netos e bisnetos) viu a sua masculinidade ser colocada em debate quando a ex-esposa de David Bowie afirmou que pegou os dois ícones do rock na cama. De acordo com Christopher Andersen (autor do livro “Mick: The Wild Life and Mad Genius of Jagger”):
“Em outubro de 1973, David Bowie e sua esposa Angie estavam vivendo em Oakley Street, a poucos passos do Cheyne Walk. Ela tinha saído da cidade por alguns dias e quando ela voltou para casa em uma manhã, foi direto para a cozinha para fazer um chá. (...) A empregada, que havia chegado uma hora antes, aproximou-se da dona da casa com um olhar peculiar em seu rosto e afirmou: ‘Alguém está na sua cama.’ (...) Angie então subiu para o seu quarto e lentamente abriu a porta. Lá estavam eles: Mick Jagger e David Bowie, nus na cama, dormindo. Ambos acordaram. ‘Oh, Olá’, disse Bowie, claramente pego de surpresa, ‘Como você está?’ (…) ‘Eu estou bem,’ Angie respondeu, perguntando em seguida: ‘você quer um café?’.”*
Após décadas de casos, traições e conspirações, o que restou, no final, foi o que realmente importava: a obra produzida pelos músicos. Os indivíduos tornam-se adultos em ambientes repletos de intrigas. Isso não acontece só no cenário do rock. Contudo, na vida cotidiana, nem todos chegam ao final da jornada com uma relevante contribuição artística para a sociedade.
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(*)http://www.dailymail.co.uk/
“By October 1973, the Bowies were living on Oakley Street, just a stroll from Cheyne Walk. Angie had been out of town for a few days when she returned home one morning and went straight to the kitchen to make some tea. (…) The Bowies’ maid, who had arrived about an hour earlier, approached the lady of the house with a peculiar look on her face. ‘Someone,’ she told Angie, ‘is in your bed.’ (…) Angie went upstairs to her bedroom, slowly pushed the door open, and there they were: Mick Jagger and David Bowie, naked in bed together, sleeping. Both men woke up with a start. ‘Oh, hello,’ said Bowie, clearly taken by surprise. ‘How are you?’ (…) ‘I’m fine,’ Angie replied. ‘Do you want some coffee?’”

MICOS DE MICK

Mito paga mico (ok, ficou péssimo... hehehe).
Uma vez, folheando o livro do Bill Wyman sobre os Rolling Stones, vi uma sequência de fotos interessantes: Mick Jagger, irritado com um fotógrafo, foi para cima do cara e se deu mal. As fotos revelavam Jagger sendo agredido até cair no chão.
O “ego” de Bill Wyman, baixista original dos Rolling Stones, era “compatível” com o de Mick Jagger. Keith Richards era claro sobre isso nas suas entrevistas.
Bill Wyman, portanto, jamais deixaria de ridicularizar o vocalista de sua banda no “seu” livro sobre os Stones.
Mick Jagger sabia da existência do livro de Bill Wyman, mas disse que nunca viu o livro - “Bill en sort un ce jours-ci, je l'ai même pas encore vu.” (The Rolling Stones, Rock & Folk, Janvier 2003, p. 70)
O outro “mico” de Jagger foi bem pior. Keith Richards contou a história:
“Eu tinha levado o Mick para sair e beber em Amsterdã. Voltamos lá pelas cinco horas da manhã. Ele foi ao meu quarto. Estava bêbado e viu que Charlie estava dormindo. Falou: ‘aquele ali é o meu baterista? Por que você não levanta a sua bunda e vem até aqui?’ Charlie se vestiu com um terno Savile Row, gravata, sapatos, fez a barba e desceu. Agarrou o Mick e ‘boom!’ E falou: ‘Nunca mais me chame de seu baterista novamente. Você é que é a porra do ‘meu’ vocalista.” (Playboy, October 1989, p. 115)*
Mick Jagger poderia ter ficado sem essa. Não houve pedidos de desculpas. Nada.
As coisas (pelo menos depois daquele momento) ficaram mais claras na banda.
© profelipe ™
(*) “I had taken Mick out for a drink in Amsterdam, so at five in the morning, he came back to my room. He’s drunk by now. Charlie was fast asleep. ‘Is that my drummer?’ Why don’t you get your arse down here?’ Charlie got dressed – in a Savile Row suit, tie, shoes – shaved, came down, grabbed him and went ‘boom!’ ‘Don’t ever call me your drummer again. You’re ‘my’ fucking singer.”

THE ROLLING STONES: INSPIRAÇÃO PARA CRIAR MÚSICA

A inspiração aparece. A obra vem em seguida. Genética? Excesso de trabalho? Como explicar?
Keith Richards, apesar da fama e de todas as belas melodias criadas para os Rolling Stones, possuía uma outra explicação: costumava dizer que ele seria só um “intermediário” que receberia as músicas de algum lugar. Em “Satisfaction”, por exemplo, ele dizia que a melodia teria surgido em um sonho. Quando acordou, claro, simplesmente fez a música. John Lennon, em sua última entrevista, apresentou outra teoria:
“[Os Rolling Stones] queiram uma música e nós fomos ver que tipo de coisa eles faziam. Paul tinha um trecho de uma música e nós a cantarolamos para eles. Eles disseram: ‘OK, é o nosso estilo”. Mas era realmente só um trecho, tanto que Paul e eu fomos para um canto da sala e completamos a canção, enquanto eles estavam lá, papeando. Voltamos para Mick e Keith, que disseram: ‘Meu Deus, vejam isto. Eles foram lá e já terminaram’. Demos a música para eles. Uma esmola. Isso mostra a importância que a gente atribuía a eles. Nós não lhes daríamos algo que fosse realmente estrondoso, não é? Era o primeiro disco dos Stones. De qualquer forma, Mick e Keith disseram: ‘Se eles podem fazer uma música assim tão facilmente, nós poderemos tentar.” (As 30 Melhores Entrevistas de Playboy, p. 310)
Ainda sobre a maneira de criar as músicas, no caso de Keith Richards, outro dado importante seria a inspiração associada ao consumo de drogas. Isso ficou claro na época da produção de uma obra prima “Exile On Main Street”:
“Dia após dia, Keith fica doidão e demora no banheiro do andar de cima – enquanto isso, Mick e o restante dos Rolling Stones ficam sentados, esperando. Mick não pode fazer nada para obrigar Keith a criar novas melodias para as quais possa compor as letras. Ele está totalmente na palma da mão de seu amigo mias antigo. Da mesma maneira, sem a ajuda de Mick, Keith não tem como terminar o álbum em que os Stones estão trabalhando. Sem o disco, os Stones não podem fazer turnê nos Estados Unidos. Sem o dinheiro que vão ganhar, não têm como sobreviver enquanto banda.” (Robert Greenfield, Memória do Exílio, Rolling Stone, Março 2007, p. 74)
Compor não era simples. Não era fácil também depender dos outros, ainda mais em um grupo de rock. No entanto, a dupla de criação dos Rolling Stones superaria a dos Beatles em termos de longevidade. Bem ou mal, depois de mais de 50 anos, Keith Richards e Mick Jagger ainda estão por aí, criando novas canções e fazendo shows juntos.